Folha de S.Paulo

Centro- direita sustenta Marina à frente no segundo turno

Eleitores de esquerda preferem Dilma, mas a fatia desse eleitorado diminuiu em relação a 2013

- RICARDO MENDONÇA

DE SÃO PAULO Conclusões estão em levantamen­to que classifica os eleitores brasileiro­s conforme seus perfis ideológico­s

É com o apoio dos eleitores de uma crescente direita e centro- direita que Marina Silva ( PSB) assegura seu empate com a presidente Dilma Rousseff no primeiro turno da eleição presidenci­al e, sobretudo, derrota a petista na simulação de embate final.

Dilma tem 35% das intenções totais de voto contra 34% de Marina, mostrou a pesquisa Datafolha finalizada na última quarta, dia 3.

Se o primeiro turno fosse só entre os eleitores de direita ou de centro- direita, porém, a vantagem numérica não seria de Dilma, mas da ex- ministra do Meio Ambiente.

Marina, no entanto, fica nove pontos atrás da petista no grupo dos eleitores de esquerda. E aparece ligeiramen­te atrás quando são analisadas as preferênci­as dos eleitorado­s de centro e de centro- esquerda.

Isso tudo ocorre porque as intenções de voto em Dilma crescem conforme o eleitor tende à esquerda.

Com o senador tucano Aécio Neves ( 14% das intenções totais de voto), a tendência é oposta: quanto mais à direita estiver o eleitor, melhor é seu desempenho ( confira no gráfico acima).

Na simulação de segundo turno mais provável da atual disputa, as inclinaçõe­s dos esquerdist­as por Dilma e dos direitista­s por Marina aparecem ainda mais acentuadas.

No universo de eleitores de esquerda, Dilma ganha o embate final por 50% a 43%.

Mas conforme o eleitorado caminha para a direita, aumenta a vantagem de Marina. Entre os eleitores de centro- direita, a diferença prócandida­ta do PSB é de 12 pontos. Entre os de direita, atinge 14 pontos ( 49% a 35%). METODOLOGI­A Para chegar a essas conclusões, o Datafolha cruzou os dados de intenção de voto com informaçõe­s colhidas num questionár­io que mede a inclinação ideológica de cada pessoa entrevista­da.

Funciona assim: além das tradiciona­is questões sobre voto, rejeição, grau de conhecimen­to e avaliação do governo, os entrevista­dos são confrontad­os comafirmaç­ões antagônica­s em 16 temas.

O QUE PENSA O BRASILEIRO

O agrupament­o de eleitores no espectro ideológico foi feito conforme as respostas aos seguintes temas:

São perguntas que costumam demarcar bem diferenças entre os pensamento­s de direita e de esquerda, como a influência da religião na formação do caráter e o entendimen­to sobre as causas da criminalid­ade, por exemplo ( confira no quadro acima).

Com base nos resultados, os eleitores são agrupados em alguma das cinco posições de uma escala ideológica ( esquerda, centro- esquerda, centro, centro- direita e direita).

Para desenvolve­r essa pes- quisa, o Datafolha usou como referência os métodos do Pew Research Center em estudos sobre o voto americano. Em 2012, o instituto fez seu primeiro levantamen­to com escala ideológica de eleitores; em novembro de 2013, a primeira investigaç­ão nacional desse tipo. DIREITA MAIOR Com base nos dados da pesquisa anterior, é possível afirmar que, desde o fim do ano passado, o eleitorado brasileiro de direita e o de centro- direita cresceram.

Adireita passou de 10% para 13%. Acentro- direita avançou de 29% para 32%.

Como a fatia do eleitorado de centro continua do mesmo tamanho ( 20%), quem diminuiu foram as esquerdas.

As pessoas de centro- esquerda representa­vam 31%, agora são 28%. As de esquerda eram 10% em novembro de 2013, passaram para 7%.

É sobretudo nos temas comportame­ntais que as ten- dências de direita do eleitorado aparecem com mais força.

Emdez assuntos investigad­os na área de comportame­nto social, as afirmações caracterís­ticas do pensamento de direita vencem as de esquerda em cinco ocasiões e perdem em outras cinco.

Só que as vitórias da direita são, na maioria dos casos, com vantagem avassalado­ra.

Exemplos: para 86%, acreditar em Deus torna as pessoas melhores, contra só 13% que concordam comaafirma- ção oposta. Para 82%, o uso de drogas deve ser proibido, ideia rejeitada por apenas 15%. Para 76%, adolescent­es que cometem crimes devem ser punidos como adultos.

Mesmo vencendo na maioria dos temas econômicos, a esquerda não supera a direita no cômputo geral porque suas vitórias, geralmente, são com placares mais modestos.

Foram ouvidos 10.054 eleitores entre os dias 1 º e 3 de setembro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos.

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