Campanha de Dilma teme contaminação eleitoral
Presidente afirma que precisa de ‘ dados oficiais’ para tomar ‘ medidas efetivas’
DE SÃO PAULO Petista diz que não pode se basear em ‘ especulação’; para Temer, PMDB ‘ não tem nada a ver com isso’
A presidente Dilma Rousseff ( PT) afirmou neste sábado ( 6) que serão tomadas “todas as providências cabíveis” para apurar os relatos do exdiretor da Petrobras, mas cobrou informações “oficiais” e disse que não pode se basear “em especulação”.
“Precisamos ter dados oficiais. Garanto que tomarei todas as providências cabíveis. Agora, não com base em especulação. As informações são essenciais e são devidas ao governo. Caso contrário a gente não pode tomar medidas efetivas”, afirmou a petista, em evento com lideranças feministas em São Paulo.
Na campanha de Dilma, a primeira reação foi o medo de contaminação imediata das intenções de voto da presidente, que tiveram recuperação em recentes pesquisas.
A preocupação é justificável. Quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Lava Jato, em março, pesquisas qualitativas mostraram que suspeitas na Petrobras prejudicaram a imagem da presidente.
A orientação de Dilma é que ninguém na campanha ou no governo faça prejulgamentos — até por só haver citações a nomes, e não às su- postas irregularidades a que eles seriam associados.
Mas já havia entendimento de que, caso surjam detalhes da investigação, nomes do campo governista podem se afastar preventivamente.
Os dois mais citados são o tesoureiro petista João Vaccari Neto e o ministro Edison Lobão ( Minas e Energia).
Na campanha, a preocupação maior está na eventual acusação de suspeitas sobre a compra da refinaria de Pasadena. Mesmo sem haver citação direta a Dilma, foi ela que aprovou o negócio como presidente do Conselho de Administração da estatal.
Atensão no governo come- çou com a publicação em sites sobre a delação de Costa, na sexta- feira à noite. A presidente chamou o ministro Aloizio Mercadante ( Casa Civil) para avaliar a situação e ambos ligaram para José Eduardo Cardozo ( Justiça).
A Folha apurou que Dilma ficou “exasperada” com Cardozo, que é o superior da PF, porque ele “tinha tanta informação quanto as que circulavam pelo Congresso”.
Em meio à preocupação com a crise, a campanha do PT fez neste sábado duro ataque a Marina Silva no horário eleitoral com um programa centrado na defesa do pré- sal e da própria Petrobras.
Ela disse que o plano de governo da rival chega a dar “passos mais atrás do que os tucanos” e que, se implantado, “vai desmontar o Brasil”. ‘ MENÇÕES VAGAS’ Em campanha em Petrolina ( PE), o vice- presidente da República, Michel Temer, disse que “institucionalmente o PMDB não tem nada a ver com isso”. “Não houve menção ao partido. Houve menções vagas a pessoas do partido A, B e C”, afirmou.
OPPnão se manifestou até a conclusão desta edição. ( EDUARDO GERAQUE, MÁRCIO FALCÃO, VALDO CRUZ, ANDRÉIA SADI E NATUZA NERY)