Folha de S.Paulo

‘ É o mensalão 2’, diz Aécio sobre escândalo

Tucano afirma que denúncias sobre a Petrobras são as ‘ mais graves na história recente’ e que PT usa ‘ dinheiro sujo’

- DANIELA LIMA PAULA SIEPLIN

PSDB acredita que caso tem potencial para criar um revés eleitoral; mineiro enfrentava agenda negativa

DE SÃO PAULO COLABORAÇíO PARA A FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

Ocandidato do PSDBàPresi­dência, Aécio Neves, explorou o potencial eleitoral das citações de políticos ligados ao governo federal em esquema de desvio da Petrobras.

Ele tratou o caso como “as mais graves denúncias da história recente” e disse que as informaçõe­s prestadas pelo ex- diretor da estatal Paulo Roberto Costa levam ao que chama de mensalão 2.

“O Brasil acordou perplexo comas mais graves denúncias de corrupção da nossa história recente. Está aí o mensalão 2: é o governo do PT patrocinan­do o assalto às nossas empresas públicas para a manutenção do seu projeto de poder”, declarou, em vídeo publicado em suas redes sociais neste sábado ( 6).

Em crise desde a entrada da ex- senadora Marina Silva na corrida eleitoral, a campanha vai explorar as novas suspeitas para tentar reverter o cenário — ele está em terceiro nas pesquisas de opinião.

“Estamos disputando contra um grupo que utiliza o dinheiro sujo da corrupção para manter- se no poder. Chegou a hora de darmos umbasta definitivo”, finalizou Aécio.

À tarde, o tucano disse que Costa, que está preso desde junho, foi “indicado pelo PT e mantido pela presidente”.

“Não podemos tapar o sol com a peneira. A presidente da República controlou com mão de ferro essa empresa [ a Petrobras] ao longo dos últi- mos 12 anos, como ministra de Minas e Energia e presidente do conselho, depois comominist­ra- chefe da Casa Civil e, depois, como presidente da República”, disse o tucano ao chegar a Presidente Prudente ( a 558 km de São Paulo) com o governador Geraldo Alckmin ( PSDB- SP) e o senador Aloysio Nunes Ferreira ( PSDB- SP), seu vice.

Aestratégi­a será centrar fogo no PT, reacendend­o a polarizaçã­o. No segundo plano, apresentar- se como o único que sempre esteve “contra tudo isso que está aí”.

A jogada mira Marina, que militou no PT, foi ministra do ex- presidente Lula e herdou a candidatur­a do ex- governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em agosto.

Segundo o delator do esquema da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ex- diretor da estatal, Campos era um dos beneficiár­ios dos desvios. Os nomes dos envolvidos foram citados pela revista “Veja”.

Aécio, que tinha boa relação com Campos, não vai mirar a candidata do PSB de pronto, mas pretende situá- la na “linha do tempo” do caso.

Costa disse à Polícia Fede- ral e ao Ministério Público que os desvios serviram para abastecer políticos da base aliada do ex- presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. O esquema teria no mínimo nove anos. Marina, portanto, estava no governo.

As primeiras revelações sobre o caso deram força ao discurso de que a sigla deve contar com o “imponderáv­el” para mudar o rumo da disputa.

Nas últimas semanas, desde a entrada de Marina na disputa, o mineiro vinha lidando com agenda negativa que chegou a gerar boatos sobre uma possível desistênci­a. Ele aparece quase 20 pontos percentuai­s atrás de Dilma e da pessebista nas pesquisas.

Aécio tentou nos últimos dias mobilizar aliados para evitar defecções precoces. Ele também reforçou campanha nos maiores colégios eleitorais, SãoPaulo e Minas Gerais, onde acha que será mais fácil retomar o voto “antipetist­a”.

O tucano pediu paciência aos apoiadores para mostrar recuperaçã­o até 15 de setembro. As suspeitas lançadas pelo escândalo de corrupção na Petrobras reacendem a esperança de reação rápida.

Horas depois das primeiras notícias sobre o caso, ainda na sexta- feira ( 5), o ex- governador José Serra ( PSDB), que concorre ao Senado por São Paulo, discursou no lançamento de sua campanha.

“Oimportant­e no contexto atual é a gente não cair no desânimo”, iniciou. “Este deve ser o maior escândalo de corrupção da história. Asituação [ de Aécio] está difícil? Está. Mas temos de dar uma chance ao inesperado”, concluiu.

O PSDB vai tentar evidenciar ao máximo o escândalo. A oposição no Congresso pedirá que a CPI da Petrobras, bandeira erguida por Aécio no primeiro semestre, acesse as informaçõe­s prestadas por Paulo Roberto da Costa.

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