Folha de S.Paulo

As hipóteses estão abertas

- Segunda: Ricardo Melo, terça: Janio de Freitas, quarta: Elio Gaspari, quinta: Janio de Freitas, sexta: Reinaldo Azevedo, sábado: Demétrio Magnoli, domingo: Janio de Freitas e Elio Gaspari J A N I O D E F R E I T A S

A quase queima do seu ministério por Dilma colaborou para o diagnóstic­o de Marina Silva de que seus adversário­s “estão em quase desespero”. Caso estejam, estão também precipitad­os. Com duas evidências disso.

Marina ainda está levada pelos ventos. Não precisa falar, e pouco ou nada fala. Ninguém sabe o que de fato pensa e pretende: o que seriam as primeiras indicações, liberadas como seu programa, é umconjunto de retalhos colhidos aqui e ali, várias acusados de plágio e contradiçã­o, sem costura e, portanto, sem

Ainda que não tenha havido menção direta a Mantega, a sua situação tornou- se pior do que embaraçosa

formar um todo nítido e coerente. Não se expor assim é uma conduta produtiva. Aproveita os ventos favoráveis sem se submeter a riscos que ninguém está forçando. Mas se será suficiente até o fim, nada até agora sugeriu ou negou. Hipóteses em aberto, pois.

Quando, no início da semana, foi interpreta­do que Marina parara de subir, mantendo no novo Datafolha os mesmos 34% do anterior, seria preciso considerar o fato incomum de que, entre as duas pesquisas, o intervalo foi de apenas dois dias. A sondagem anterior deu- se nos dias 28 e 29 de agosto; a segunda, foi de 1 a 3 de setembro, feita com essa sobreposiç­ão por inexplicad­a encomenda da Rede Globo ( como publicado pelo Datafolha). Sem fato relevante, o breve intervalo foi insuficien­te para apresentar mudança, servindo sobretudo como um aval do Datafolha anterior, com Marina na mesma e o 1% favorável a Dilma, e contrário a Aécio, perdendo- se na margem de erro.

Tanto é perceptíve­l, entre apoiadores de Aécio, a maior simpatia por Marina do que por Dilma, quanto se nota o aumento de ressalvas a Marina, quase sempre por falta de confiança. Eos dois movimentos tendem a influir na definição de indecisos e na eventual transferên­cia de votos.

Há estimativa­s, mas nem segurança mínima sobre o teto ou o potencial de cresciment­o de Marina. É possível que as novas pesquisas comecem a indicá- los. Assim como as últimas permitiam constatar que Marina não retirara voto de Dilma, o que é sugestivo. Com a queda de Aécio, que até em Minas o levou ao terceiro lugar, degradante para um ex- governador tão recente, não se está mais às cegas na disputa. Mas o resultado da eleição continua em aberto.

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