Folha de S.Paulo

FANTASMAS DOS TRILHOS

Projetos abandonado­s pelo Metrô ao longo do tempo deixaram em SP vestígios como estações sob viadutos e túnel inacabado

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DE SÃO PAULO

O passageiro que passa apressado pela estação Pedro 2 º , na linha 3- vermelha do metrô, pode não notar, mas embaixo do seu caminho há um vão onde deveria existir uma outra estação.

Ao menos é o que previa parte do primeiro plano de linhas do Metrô de São Paulo, de 1968, o HMD( sigla das empresas que ganharam a concorrênc­ia para projetar as linhas do sistema).

Hoje, um enorme vão sob a estação da linha vermelha é umdos “fantasmas” de projetos do Metrô que acabaram não dando certo ou foram abortados ao longo dos anos.

Outro “fantasma” são dois trilhos que saem da estação Paraíso e hoje são usados para guardar equipament­os de manutenção da empresa.

Originalme­nte, os trilhos seguiriam no sentido da avenida 23 de Maio para o que deveria ser umramal da linha 1- azul que iria até Moema.

“É por isso que a estação Paraíso pode receber no piso inferior três trens de uma vez, enquanto o piso logo acima recebe apenas um. Ali estava previsto um espaço para a construção de outras duas plataforma­s para o embarque do que seria umramal do metrô até Moema”, afirma o pesquisado­r em cartografi­a histórica Eduardo Ganança. SOB VIADUTOS Antes mesmo da fundação do metrô, em 1968, outros planos de criação de sistemas de transporte sobre trilhos deixaram marcas na cidade.

Um plano da década de 50 previu a criação de vias que sairiam do centro de São Paulo para os extremos, parecido com o sistema atual.

Esse plano foi feito pelo então ex- prefeito da cidade, Prestes Maia, e seria umcompleme­nto ao projeto de grandes avenidas também planejado por ele.

Por isso, alguns viadutos sobre a avenida 23 de Maio foram feitos levando em conta os trens que passariam em seu interior. Segundo Ganança, entre esses viadutos está o da rua Pedroso, na Liberdade, região central da cidade.

Umpaviment­o sob ele, feito para abrigar uma estação, hoje é usado pela Secretaria Municipal de Assistênci­a e Desenvolvi­mento Social como centro de acolhida para moradores de rua.

Ainda sobre a 23 de Maio, as janelas entre a base e o topo do viaduto Dona Paulina indicam que o local poderia ser usado para uma estação.

Já alguns projetos do viaduto 9 de Julho, na avenida de mesmo nome, apontam que ele foi planejado para que em seu interior passassem quatro trilhos de bondes ou trens. ( FABRÍCIO LOBEL)

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