Folha de S.Paulo

O presidente generoso

- P A U L O V I N Í C I U S C O E L H O

deve R$ 300 milhões com receita potencial de R$ 180 milhões anuais.

Há visões menos otimistas. No mês passado, em entrevista à revista “Placar” a respeito de ter sido avalista de empréstimo­s para o Palmeiras, Paulo Nobre respondeu: “Tenho vergonha de, na minha gestão, ter acontecido isso.”

Duas das missões eram diminuir a dívida e aumentar a receita. A receita diminuiu e a dívida aumentou.

É fato que, se não fosse assim, o Palmeiras poderia ter ainda mais dificuldad­e. Faltou dinheiro, por causa dos adiantamen­tos de cotas

Paulo Nobre aumentou a dívida do Palmeiras em R$ 60 milhões, mas ampliou o prazo de pagamento

de TV feitos por Tirone e Belluzzo.

Mas, em alguns casos, também faltou sabedoria.

Nos últimos 20 meses, o Cruzeiro contratou 23 jogadores. O Palmeiras, 35. Um tem o melhor time do Brasil, outro segue tentando montar uma equipe.

OPalmeiras tem o elenco mais internacio­nal da história do Brasil, com cinco nacionalid­ades — quatro argentinos, dois uruguaios, um paraguaio, um chileno e 25 brasileiro­s. Nesta rodada, 11 clubes lamentam desfalques causados por seleções nacionais. O Palmeiras não tem nenhum convocado. Não é absurdo. É apenas incrível! Alguns dos erros listados têm a ver com falta de sorte. Outros, não. Na terça, a reunião para contratar Dorival Júnior terminou às 12h30 e o técnico esperou até as 21h por um novo encontro, porque os diretores precisaram submeter a conversa ao presidente. Deveriam ter autonomia.

Por dois anos, várias reuniões entre Palmeiras e W. Torre foram conduzidas por uma comissão de xiitas. A crise seria menor com conversas maisfreque­ntes ediretas entre os presidente­s do clube e da construtor­a.

Delegar não é um verbo fácil. É preciso escolher os modos e as pessoas para conjugá- lo. Nisso, Paulo Nobre falhou. Há exemplos de presidente­s de clubes muito melhores no segundo mandato do que foram no primeiro. Vicente Matheus no Corinthian­s, Antônio Leme Nunes Galvão no São Paulo, Paschoal Giuliano no Palmeiras. A dois meses da eleição, o Palmeiras precisa de profission­alismo. Paulo Nobre pode ser reeleito com a percepção de que equívocos precisam ser corrigidos.

Ou o tempo não será tão generoso com o Palmeiras.

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