Revestimento pode ter vida curta no mercado
Aceitação de peças em feiras do setor costuma balizar produção e oferta A demanda por tendências e a oferta de novas tecnologias aumenta a velocidade de inovação, que gera lançamentos e descontinuidades
Fabricantes e lojistas, em geral, ajudam a rastrear artigos disponíveis no mercado para reposição em obra
A descontinuidade ( ou desistência) na produção de peças de revestimento pela indústria assombra os arquitetos e designers. A oferta também pode ser um problema para quem precisa repor o material durante a construção ou reforma.
Arquitetos e designers reclamam que muito fornecedores usam as feiras do setor como um “termômetro“do mercado, e alguns lançamentos não chegam a acontecer — ficam apenas na promessa.
“Pensamos o projeto para que tudo combine e, na hora de fechar o negócio, o produto apresentado na feira não entrou em produção”, diz a arquiteta Claudia Krakowiak.
Paulo Roberto Gava Niehues, gerente de desenvolvimento da Cerâmica Portinari, afirma que, de fato, muitas empresas enfrentam problemas no planejamento de suas coleções.
“O setor não trabalha adequadamente com os lançamentos. Eles vendem umpreço que não sabem se é o real porque ainda não têm a comprovação da viabilidade in-
Pensamos o projeto para que tudo combine e, na hora de fechar o negócio, o produto apresentado na feira não entrou em produção
CLAUDIA KRAKOWIAK
arquiteta
dustrial das peças”.
Outra queixa dos profissionais é que eles não costumam ser avisados quando um produto sai de linha. “Ainformação chega nas revendas, mas não nos arquitetos”, afirma Krakowiak.
Os fabricantes alegam que a comunicação é difícil. “Avisamos os revendedores e tiramos o produto do site, mas é impossível informar todos os arquitetos”, diz Marco Sedrez, presidente da Mosarte.
Disponibilizar informação é umdever do fornecedor que consta no Código de Defesa do Consumidor, explica Selma do Amaral, diretora de atendimento do Procon- SP.
Sérgio Ruzza, coordenador de design e portfólio da fabricante Eliane, diz que a empresa comunica o mercado 90 dias antes de tirar uma linha de produção. Segundo Niehues e Sedrez, após o aviso de interrupção, ainda leva seis meses para uma peça ter sua fabricação totalmente suspensa.
PLANEJAMENTO
Além de um cronograma de obras com margem para imprevistos, alguns cuidados ajudam a evitar ou lidar com a descontinuidade de peças ( leia mais no quadro ao lado).
Quando vir um produto que goste, confira com o fornecedor ou revendedor se a peça está em produção, se há quantidade suficiente e se a linha é vendida no varejo.
Inclua no pedido peças de reserva, principalmente se a obra for em banheiros e cozinha. Revendedores indicam que a reserva seja de 10% a 15% da compra, mas, com as peças cada vez maiores, esse número é relativo. Uma prática relativamente comum é os fabricantes ajudarem a fazer o “tracking” para o consumidor — ou seja, mapear onde ainda há o seu produto disponível.
CHRISTIANE FERREIRA
gerente de marketing da Portobello