Folha de S.Paulo

Convite para repensar seus investimen­tos

- Fernando de Almeida

Quem assumiu riscos na carteira de investimen­tos tem motivos para comemorar. A valorizaçã­o dos principais índices de ações e dos títulos indexados a índices de inflação finalmente premiou o risco do investidor.

Segundo dados do Tesouro Direto publicados no boletim de 3 de setembro, a rentabilid­ade bruta da NTN- B Principal com vencimento em 2035, foi 10,01% em agosto e 36,76% no ano. A rentabilid­ade bruta da NTN- F com vencimento em 2023, foi 3,74% em agosto, acumulando 20,48% no ano. Excelente retorno para o investidor que preferiu os ativos de mais riscos em relação aos atrelados à taxa DI, que se aproxima de 7% no mesmo período.

Essa valorizaçã­o foi provocada pela queda da taxa de juros de longo prazo.

A taxa de juros ( cupom) da NTN- B Principal 2035, por exemplo, que chegou a 7% ao ano em fevereiro, pagava 5,28% ao ano em 3 de setembro. Quem comprou em 2014 está festejando os ganhos. Quem comprou há mais tempo, início de 2013, com cupom de juros na faixa de 4% ao ano eaproxima damente 9,2% no caso da NTN- F, está celebrando a recuperaçã­o de parte das perdas contabiliz­adas.

POR QUÊ

Aredução dos juros de longo prazo e a valorizaçã­o dos índices de ações derivam da leitura otimista do mercado em relação a possível vitória da oposição nas próximas eleições presidenci­ais.

Muito da alta da Bolsa se explica pela valorizaçã­o ex- pressiva em agosto de três companhias estatais: Petrobras PN, com ganho de 22,25%, Banco do Brasil ON, alta de 26,56%, e Eletrobras ON, valorizaçã­o de 30,40%.

E AGORA?

Você concorda ou discorda da reação do mercado? Sua avaliação tende a ser mais econômica do que política? Hora de repensar.

Comprar, vender ou não fazer nada? Decisão importante que cada investidor deve tomar consideran­do suas próprias expectativ­as, objetivos de investimen­to, horizonte de tempo e tolerância a riscos. Não existe receita única. Talvez exista uma: não compre exclusivam­ente porque os preços subiram, nada ga- rante que a valorizaçã­o de agosto se mantenha nos próximos meses. Pelo contrário, após uma movimentaç­ão acentuada de preços, para cima ou para baixo, a tendência é de ajustes nos preços.

VENDER

Sua meta era especular com a possível queda no cupom de juros de longo prazo. Aconteceu, realize o lucro e repense uma nova oportunida­de.

Você sofreu com a rentabilid­ade negativa dos ativos e por pouco não realizou o prejuízo; aguentou firme esperando uma recuperaçã­o. Ela veio. Avalie se é o momento certo para vender. Analise a alternativ­a de migrar para um título com vencimento mais curto, menos volátil, com rentabilid­ade ainda atrativa.

Você vai precisar do capital investido nos próximos meses e não quer arriscar que uma nova onda, desfavoráv­el, o obrigue a esperar ou devolver parte dos ganhos nas posições de juros ou de ações.

COMPRAR

Você acredita em queda no cupom de juros e avalia que o nível atual, de 5,25% ao ano acima do IPCA, ainda tem gordura para queimar.

Você quer investir no longo prazo e pretende defender seu capital contra a inflação, assegurand­o uma taxa de juros real.

Pretende carregar o título até o vencimento ignorando a oscilação de preço no de- correr do período. Avalie a relação entre taxa de juros e prazo antes de decidir que título vai comprar.

MUDAR

Na quarta- feira, 3 de setembro, a taxa de juros da NTN- B Principal 2019 e 2035 era exatamente a mesma, 5,28% ao ano, apesar de 16 anos de diferença no prazo das duas.

Dependendo de sua análise em relação aos próximos anos, uma estratégia possível é minimizar o risco da carteira, reduzindo o vencimento dos títulos sem abrir mão da rentabilid­ade.

No caso do mercado acionário, vender ações que subiram muito e comprar ações com bons fundamento­s e

MARCIA DESSEN, perspectiv­a de valorizaçã­o pode ser um bom negócio.

VOCÊ DECIDE

Não interprete meus comentário­s como recomendaç­ão de compra ou venda de ativos, mas como um convite, uma provocação para pensar e repensar seus investimen­tos.

Sua escolha pode ser muito diferente da minha e ambos estarmos corretos, alinhados com momento de vida, objetivos e expectativ­as.

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