Folha de S.Paulo

Jovens são internadas em SP após vacinação contra HPV

Três meninas de Bertioga relataram perda de sensibilid­ade nas pernas

- DHIEGO MAIA

Especialis­tas dizem que não é possível estabelece­r relação de causa e efeito entre vacina e as reações

DE SÃO PAULO

Três adolescent­es de Bertioga, no litoral norte de São Paulo ( 103 km da capital), estão internadas em um hospital de Santos por suspeita de reações provocadas pela vacina contra o HPV( papilomaví­rus humano).

A vacina, administra­da a adolescent­es entre 11 e 13 anos, protege contra lesões do colo de útero que podem se desenvolve­r e virar câncer.

As meninas receberam a vacina entre quarta ( 3) e quinta- feira ( 4) na Escola Estadual William Aureli, em Bertioga. Mais tarde, elas relataram ter sentido dor de cabeça, vermelhidã­o no corpo e perda de sensibilid­ade nas pernas.

Outras oito adolescent­es que receberam a vacina na mesma escola relataram os sintomas. Elas foram internadas no pronto- socorro da cidade, mas já receberam alta.

A Prefeitura de Bertioga afirmou que ainda não é possível associar os sintomas relatados à imunização.

“O lote com as doses que foram administra­das nas adolescent­es estava com prazo de validade em dia e era mantido em refrigeraç­ão”, disse por meio de assessoria.

Renato Kfouri, presidente da Associação Brasileira de Imunizaçõe­s, também diz que não é possível estabelece­r relação de causa e efeito entre a vacina e a perda de sensibilid­ade nas pernas.

Segundo a bula da vacina, efeitos adversos ligados à imunização foram relatados por 1% dos participan­tes de estudos, incluindo dor no local da aplicação e febre.

Doenças como síndrome de Guillain- Barré ( que pode provocar alterações de sensibilid­ade e paralisias) e sintomas como convulsões e desmaios já foram associados à vacina, mas esta relação ainda não foi demonstrad­a em grandes estudos.

Umrelatóri­o recente sobre o perfil de segurança da vacina nos EUA, onde ela foi aplicada em 67 milhões de pessoas desde 2009, concluiu que efeitos adversos ocorreram em 0,03% da população.

“Nos casos de Bertioga, há uma relação temporal entre a vacina e as reações, mas isso não é suficiente para dizer que a vacina causou esses problemas”, diz Gustavo Gusso, diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

Ele lembra, porém, que a vacina é um produto novo e podem ocorrer reações desconheci­das ou imprevisív­eis.

“Pode ter ocorrido um erro de aplicação, problema com o lote ou umrelato coletivo de pessoas impression­adas com a vacina”, diz Kfouri.

Diretora de imunização da Secretaria de Estado da Saú- de de São Paulo, Helena Fato classifico­u os casos como “isolados”. Segundo ela, 320 mil vacinas desse mesmo lote foram distribuíd­as para outras localidade­s do Estado, sem nenhuma anormalida­de registrada. A vacinação não será suspensa.

A Prefeitura de Bertioga deverá instaurar uma sindicânci­a para apurar o caso.

Três adolescent­es de Bertioga, no litoral de SP, foram internadas num hospital de Santos por suspeita de reações provocadas pela vacina contra o HPV ( papilomaví­rus humano). Especialis­tas, entretanto, dizem não haver comprovaçã­o entre a vacina e os sintomas e que imunização é segura.

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Eduardo Munoz/ Reuters

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