Folha de S.Paulo

‘ BRASILEIRO VAI PARA MIAMI E NÃO CONHECE A AMAZÔNIA’

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Diretor de campeões de bilheteria mundiais como as animações “A Era do Gelo” e “Rio”, o brasileiro Carlos Saldanha vem a SP nesta terça lançar “Rio, Eu te Amo”. Ele assina uma das histórias que formam o filme. E, pela primeira vez, trabalhou com personagen­s de carne e osso, como o vivido por Rodrigo Santoro. De Nova York, por telefone, o cineasta falou à coluna: Folha - Vem sempre ao Brasil?

Carlos Saldanha - Sempre que posso, como nas férias de verão nos EUA. Agora, passei dois meses no Rio com a minha família. Vi jogos da Copa no Maracanã, foi ótimo. Oclima estava legal. As torcidas, divertidas. Vários amigos meus americanos foram ver o Mundial. Adoraram. Apesar dos problemas que nos deixam tristes, o Rio faz a gente feliz. É o conflito eterno de quem mora na cidade: a beleza versus o estresse. Tenho uma conexão forte com o dia a dia carioca. De curtir a natureza, os amigos, a família. É onde recarrego as baterias. Seus filhos se sentem brasileiro­s também?

Os três primeiros nasceram nos EUA [ Manuela, 17, Sofia, 13 e Júlia, 6]. O mais novinho, Rafael, 5, no Brasil. Minha mãe estava doente na época e nos mudamos de mala e cuia por uns três meses até ele nascer. Os quatro são bilíngues. Dentro da nossa casa, é Brasil total. Além de falar português, a comidinha do dia a dia é arroz, farofa, feijão e salada. Como foi fazer um filme que não é animação?

Fazia tempo que eu queria ter essa experiênci­a. Estava conversand­o com o pessoal do “Rio, Eu te Amo” há uns três anos. Até que no ano passado me ligaram. Consegui tirar três semanas dentro do meu cronograma do “Rio 2” [ sequência do primeiro filme]. Me virei em mil. O Rodrigo [ Santoro] fez dublagem em “Rio 1”. Ele tem porte atlético para fazer um baila- rino. Em um show da Marisa Monte, em NY, ele se sentou ao meu lado. Falei: “Tenho um filme pra você”. Tem mais projetos no Brasil?

Meu problema é tempo. Fico buscando ideias. Procuro roteirista­s e atores para conversar, quero conhecer o mercado brasileiro. Tomei o gostinho fazendo “Rio, Eu te Amo”, que foi só a entrada, um curta. Estou louco para chegar ao prato principal. Esteve na Amazônia para fazer “Rio 2”?

Fui para Manaus e Anavilhana­s, um parque maravilhos­o. Nunca tinha ido à Amazônia. O brasileiro acaba sendo meio estrangeir­o. Vai pra Miami, mas não pra lá. As pessoas não dão valor, e é uma das coisas mais preciosas que temos. Fiz o filme com o intuito de mostrar isso. Lida bem com pressão por novos sucessos de bilheteria?

Sucesso não é algo que se consiga prever. Não tem uma fórmula. Fico feliz que todos os meus filmes fizeram sucesso, o que me dá gás e confiança para continuar. Qual é a imagem do Brasil hoje emrelação ao país que você deixou há mais de 20 anos?

Quando cheguei aos Estados Unidos, ninguém conhecia o Brasil e só pensavam em hiperinfla­ção, violência. Eventos como Copa do Mundo e Olimpíada jogam o foco no Brasil, assim como meu filme “Rio”. É uma exposição positiva do país como você não tinha antes.

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O diretor brasileiro no Rio de Janeiro, na Copa

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