Álcool é favorável a consumidor há um ano em São Paulo
As usinas repassaram 2,92 bilhões de litros de etanol hidratado para as distribuidoras em abril e maio deste ano, segundo a Unica ( União da Indústria de Cana- de- Açúcar). O volume aponta alta de 41% em relação a 2014.
Essa intensa demanda tem um motivo. O consumidor se volta para o álcool porque há 56 semanas a utilização do produto é mais vantajosa do que a da gasolina.
Se considerado um período mais longo, a vantagem do etanol dura 107 semanas, com apenas uma interrupção — na entressafra de 2014, quando o valor do etanol foi superior a 70% o da gasolina.
Os dados fazem parte da pesquisa semanal da Folha e se referem apenas aos postos da capital paulista.
Pesquisas indicam que, quando o preço do etanol supera 70% do da gasolina, o uso do derivado de petróleo fica mais vantajoso.
A paridade atual entre o preço do etanol e o da gasolina é de 63% nos postos de abastecimento, a menor desde junho de 2011.
Naquele ano, o desempenho dos preços do etanol foi bem inferior ao da gasolina na entressafra. A pesquisa da
Folha apontou que o álcool chegou a custar 84% da gasolina, tornando- o economicamente menos vantajoso.
Essa competitividade atual do etanol hidratado está levando os consumidores a utilizar próximo de 1,4 bilhão de litros por mês.
Como a produção é estimada em 16,3 bilhões de litros nesta safra 2015/ 16 na região centro- sul, esse preço confortável para os consumidores deverá desaparecer no fim deste ano.
Não faltará álcool, mas o preço do etanol será determinado pela oferta — mais escassa na entressafra— e pela demanda. Se esta continuar intensa, a entressafra de 2016 certamente será marcada pela volta da vantagem da gasolina em relação ao álcool.
Dados da Unica indicaram nesta semana que, em vista da procura do produto pelos consumidores, as usinas es- tão destinando mais cana para a produção de etanol do que para a de açúcar.
Do início desta safra até o fim de maio, as usinas produziram 3,5 bilhões de litros de etanol hidratado, 20,3% mais que em igual período anterior.
A produção de etanol anidro recuou para 1,4 bilhão de litros, 26% menos, enquanto a de açúcar caiu 12%, para 4,8 milhões de toneladas.
VÁLVULA DE ESCAPE
O etanol hidratado tem sido a válvula de escape das usinas. Elas precisam das vendas do hidratado para gerar faturamento e pagar dívidas e custo de produção.
As vendas do etanol hidratado ficaram favoráveis também porque a volta da Cide ( o imposto sobre combustíveis) elevou os preços da gasolina para os consumidores.
Alguns Estados, como Minas Gerais, mudaram a tributação sobre os combustíveis, tornando o etanol mais competitivo ante à gasolina.
São Paulo, que já tem uma tributação mais favorável, vem sustentando boa parte dessas vendas.
Um dos atrativos do etanol também tem sido a redução da disparidade dos preços entre safra e entressafra. E a oferta de etanol deverá perdurar por mais tempo nesta safra, que promete ser mais longa do que a anterior.
Ela começa com atraso, principalmente na região centro- sul. A moagem de cana atingiu 114 milhões de toneladas até o início de junho.
Enquanto em São Paulo há recuo de 14% em relação a igual período de 2014, nos demais Estados há avanço de 16% na moagem.
Na semana O preço médio do etanol é inferior a R$ 2 por litro na cidade de São Paulo. Pesquisa da Fo
lha indicou R$ 1,989 por litro, ante R$ 3,138 do da gasolina.
Pesquisa O etanol está favorável, mas o consumidor tem de pesquisar na hora de abastecer. Em alguns postos, o litro do álcool já recuou para R$ 1,799. Em outros, no entanto, os preços se mantêm em R$ 2,499 por litro.
Gasolina No caso desse combustível, a diferença de um posto para outro chega a 20%. O valor mínimo encontrado pela Folha foi de R$ 2,899 por litro. O maior está em R$ 3,49.
Algodão A área utilizada para o cultivo do produto recuou para 933 mil hectares na safra 2014/ 15, aponta a Céleres. É um espaço 15% inferior ao da safra anterior. Já a produção do algodão pluma recua para 1,44 milhão de toneladas, também 15% menos.