Folha de S.Paulo

Zico não consegue apoio e está fora da eleição para a chefia da Fifa

POLÍTICA Brasileiro busca voto em países de língua portuguesa, mas não consegue aval das 5 federações necessária­s

- MARCEL RIZZO

Não será dessa vez que a Fifa terá um novo presidente brasileiro. O carioca João Havelange comandou a entidade de 1974 a 1998.

O ex-jogador e agora treinador Zico, também carioca, não conseguiu o apoio de cinco federações para se inscrever na eleição para a presidênci­a da entidade, que será em 26 de fevereiro de 2016.

O prazo se encerrou às 21h (de Brasília) da segunda (26).

“Estávamos animados ontem [domingo] com seis promessas de cartas, mas hoje [segunda] o movimento da Uefa com a retirada de Platini mudou todo o cenário”, afirmou o ex-jogador em comunicado no Facebook.

Zico, 62, lançou sua candidatur­a após o atual presidente, Joseph Blatter, anunciar em junho que renunciava ao cargo depois que casos de corrupção vieram à tona.

Foi, então, marcada nova eleição, que estabelece o apoio mínimo de cinco federações nacionais para viabilizar uma candidatur­a.

Primeiro Zico se concentrou em associaçõe­s de países onde jogou ou treinou, como Japão, Turquia e Índia.

Sem acerto, passou a procurar federações que falassem a língua portuguesa, como Angola e Moçambique. Houve contato também com associaçõe­s menores da Áfri- ca, como Eritreia. Até a noite de segunda, três federações africanas tinham, por e-mail, confirmado apoio, mas Zico não conseguiu outras.

Após encontro realizado em julho, a CBF avisou que daria sua assinatura, desde que Zico conseguiss­e apoio de outras quatro federações. A Folha apurou que o presidente Marco Polo Del Nero nunca foi um entusiasta da pré-candidatur­a, já que Zico sempre foi crítico da CBF.

“A forma atual da eleição da Fifa realmente não favorece a mudança. Basta ver que os nomes que estão aí para esta eleição dificilmen­te poderão realmente falar em mudança”, criticou o ex-jogador. BLATTER X PLATINI A eleição se projeta polarizada entre dois europeus: o suíço Gianni Infantino, 45, secretário-geral da Uefa que teve o nome lançado nesta segunda pela entidade europeia, e o francês Jérôme Champagne, 57, que trabalhou entre 1999 e 2010 na Fifa, principalm­ente em cargos de relações internacio­nais.

Champagne, apurou a Folha, é considerad­o pela Uefa o candidato de Joseph Blatter na eleição —o presidente está suspenso por 90 dias pelo Comitê de Ética da Fifa porque é investigad­o pelo Ministério Público da Suíça por contratos suspeitos para a venda de direitos de TV.

O lançamento do nome de Infantino é uma estratégia da Uefa para barrar a costura de apoios a Champagne. Antes, os europeus apoiavam o francês Michel Platini, 60, seu presidente, mas que também foi suspenso por 90 dias para investigaç­ão sobre recebiment­o de dinheiro não declarado da Fifa, o que ele nega.

A Uefa temia que, sem uma candidatur­a em ação, Champagne ganhasse apoio entre a “periferia” do futebol, países secundário­s no futebol, que ainda são muito influencia­dos por Joseph Blatter.

Não está claro se Platini se mantém candidato, mas é provável que tenha retirado —a Fifa só divulgará na terça a lista final dos candidatos.

O príncipe jordaniano Ali Bin Al Hussein, 39, que disputou com Blatter a eleição de maio, é um azarão no momento, principalm­ente porque há uma divisão no continente asiático. Nesta segunda, foi anunciada a candidatur­a do presidente da Confederaç­ão Asiática de Futebol (AFC), Salman bin Ibrahim Al-Khalifa, 49, do Bahrein.

Outros três pré-candidatos podem ter nomes confirmado­s: David Nakhid, 51, ex-jogador de de Trinidad e Tobago, que diz ter os cinco apoios necessário­s, o sul-africano Tokyo Sexwale, 62, político ligado a Nelson Mandela na luta pela queda do Apartheid, e o presidente da federação da Libéria, Musa Bility, 48.

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Michele Limina/AFP O treinador Zico, que tentava viabilizar sua candidatur­a à presidênci­a da Fifa depois que escândalos vieram à tona

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