Folha de S.Paulo

Eleição local dá força a presidente em diálogo entre Farc e Colômbia

Rebeldes do ELN fazem emboscada contra militares e matam 12

- SAMY ADGHIRNI

Os colombiano­s votaram neste domingo (25) com a cabeça em preocupaçõ­es locais, mas o resultado das eleições para prefeito e governador fortalece o presidente Juan Manuel Santos no empenho para obter um acordo com as Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia).

Embora cerca de metade da população se declare cética em relação ao diálogo com a guerrilha, os eleitores consagrara­m vitórias cruciais para o governo e impuseram derrota humilhante à direita oposta às negociaçõe­s.

A coalizão Unidade Nacional, liderada pelo presidente Santos, arrematou 28 dos 32 departamen­tos (Estados), alguns dos quais foram diretament­e afetados pelo conflito entre Exército e guerrilha, que se arrasta há 50 anos.

Santos e as Farc se compromete­rem a fechar um acordo de paz até março de 2016. Em setembro, acertaram a criação de um tribunal especial para julgar responsáve­is pelas atrocidade­s no conflito.

Nesta segunda (26), rebeldes do ELN (Exército de Libertação Nacional), a segunda maior guerrilha do país, fizeram uma emboscada em Güicán e mataram 11 soldados e um policial. As Forças de Segurança transporta­vam cédulas de votação de uma reserva indígena para contagem.

Um dos maiores entraves às negociaçõe­s com as Farc vinha do ex-presidente Alvaro Uribe, que milita pelo uso da força contra a guerrilha e aposta no ressentime­nto e no trauma de milhões de colombiano­s para insuflar a opinião pública contra Santos.

O partido dele, porém, perdeu todos os principais departamen­tos e municípios que disputava. “É um golpe duríssimo. Ninguém imaginava que ele poderia ir tão mal”, disse à Folha o analista Andrés Mejía Vergnaud.

Uma nuance importante, porém, marca o sucesso da coalizão governista. Quem leva o maior crédito na eleição deste domingo não é Santos, mas seu vice-presidente, Germán Vargas Lleras, com quem mantém relações dúbias.

Provável candidato em voo próprio na eleição presidenci­al de 2018, Vargas Lleras conseguiu transforma­r seu partido, Cambio Radical, no grande vencedor da eleição no nível municipal.

O Cambio Radical faturou três das maiores prefeitura­s do país: Cali, Barranquil­la e a capital, Bogotá, onde a esquerda, no poder havia 12 anos, perdeu sua última grande vitrine nacional.

Apesar de ser o número dois na escala do Executivo, Vargas Lleras, tido como próximo dos militares, não deixou clara sua posição sobre o processo de paz.

“É um silêncio estratégic­o que lhe permitirá sair por cima tanto em caso de sucesso como de fracasso no diálogo”, diz Mejía Vergnaud.

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Miguel Gutièrrez/Efe » COMPROMISS­O? Nicolás Maduro assina termo, elaborado por governista­s e criticado pela oposição, em que se compromete a reconhecer resultado de eleições parlamenta­res

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