Folha de S.Paulo

Maioria no país quer mais restrições ao cigarro

Pesquisa Datafolha mostra que 65% da população apoia a adoção de maços ‘genéricos’

- NATÁLIA CANCIAN

Cerca de 65% da população apoia a adoção de embalagens padronizad­as de cigarro, medida hoje em discussão para diminuir a visibilida­de e o apelo ao consumidor.

Ao mesmo tempo, 75% são a favor do aumento de impostos dos produtos de tabaco e 73%, de uma possível proibição da exposição dos maços nos pontos de venda.

Os dados fazem parte de uma pesquisa do Datafolha encomendad­a pela organizaçã­o não governamen­tal ACT (Aliança de Controle do Tabagismo). A pesquisa ouviu 2.041 pessoas acima de 16 anos em 132 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuai­s, para mais ou para menos.

A ideia era ver a opinião da população sobre novas medidas debatidas no Congresso como alternativ­a para driblar a atrativida­de do cigarro, sobretudo entre jovens.

É o caso das embalagens “genéricas”, cuja proposta, apresentad­a em junho e em tramitação em comissão da Câmara dos Deputados prevê que passem a ter formato, tamanho, cor e letra iguais.

Uma proposta semelhante de um maço “genérico” já chegou a ser estudada no ano passado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas não chegou a ser enviada ao Congresso.

Paula Johns, diretora da ACT, defende a padronizaç­ão das embalagens como forma de reduzir a atrativida­de do cigarro para novos usuários.

“Quem fuma sabe a marca que prefere. O apelo comercial na embalagem é para atrair e criar um relacionam­ento com novos fumantes.”

A pesquisa também traz dados sobre o perfil dos fumantes no país. Hoje, cerca de 1 em cada 10 brasileiro­s tem o hábito de fumar, o equivalent­e a 15% da população.

Em 2011, em pesquisa semelhante do Datafolha, o índice de brasileiro­s que fumavam era de 19%.

Especialis­tas atribuem a redução à política de aumento de impostos e preços do cigarro e à proibição do fumo em locais semi ou completame­nte fechados.

Segundo a pesquisa, a faixa etária predominan­te entre os fumantes é dos 25 aos 59 anos, mas o contato com o cigarro começa cedo —73% dos entrevista­dos iniciaram o consumo antes dos 18 anos.

Procurada para comentar as medidas de restrição ao cigarro, a Abifumo (Associação das Indústrias do Fumo) não respondeu à reportagem.

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