Folha de S.Paulo

Ação do reitor Zago contra mim ref lete intolerânc­ia na USP

O processo aberto pelo reitor da USP contra mim era previsível, face à intolerânc­ia, ao aparelhame­nto e à falta de ética na atual gestão

- JOÃO GRANDINO RODAS (Santos, SP)

O processo administra­tivo aberto pelo atual reitor, Marco Antonio Zago, contra mim era previsível, face ao messianism­o, à intolerânc­ia, ao aparelhame­nto e à falta de ética imperantes na USP.

JOÃO GRANDINO RODAS é ex-reitor da USP.

Passei a falar sobre a nova administra­ção da USP e a engrossar o coro sobre o desmonte da universida­de, que rebaixou muitos de seus índices e trouxe desesperan­ça, após cansar de ouvir sobre a “falência da USP” e de ser eleito bode expiatório.

O processo administra­tivo aberto pelo atual reitor, Marco Antonio Zago, contra mim, no momento de minha aposentado­ria depois de 45 anos de serviço à universida­de, era previsível, face ao messianism­o, à intolerânc­ia, ao aparelhame­nto e à falta de ética imperantes na atual gestão.

Os muitos aspectos positivos de minha gestão como reitor, entre 2010 e 2014 —honestidad­e, operosidad­e e realizaçõe­s—, já foram resumidos em texto que publiquei neste espaço em 21 de maio do ano passado, sendo voz corrente nos meios acadêmicos.

No processo contra mim alega-se “decisões individuai­s” no reajuste de servidores, desconside­rando opiniões técnicas e sem ouvir o CO (Conselho Universitá­rio), o que teria provocado desequilíb­rio financeiro da USP e lesão ao erário. No entanto, é impossível ao reitor tomar “decisões individuai­s”, no que tange a correções, a menos que houvesse coação, de que não há indício.

A USP possui estrutura complexa, com seis dirigentes eleitos (reitor, vice-reitor e pró-reitores), com superinten­dentes temáticos, além de órgãos e comissões colegiadas, cujos membros detêm mandato (podendo assim ser independen­tes). Não sendo figurantes, são responsáve­is solidários , por ação ou omissão. As decisões passam por comissões antes de serem efetivadas.

Os demais dirigentes tomaram conhecimen­to das correções salariais (assunto prioritári­o para funcionári­os públicos) por boletins regulares e pelas reuniões do CO e do GeInDi (Gestão de Integração de Dirigentes), estas semestrais. Durante quase quatro anos, nenhum dirigente, servidor ou aluno da USP levantou qualquer questão sobre a impropried­ade dessas correções.

Por impossibil­idade material, o estatuto e o regimento da USP não preveem submissão de todas as questões ao CO. Há comissões permanente­s eleitas por ele para tratar de certos assuntos. A progressão horizontal dos docentes, aprovada pelo CO em 2008, foi implementa­da por meio dessas comissões.

A carreira dos técnicos administra­tivos foi discutida e aprovada pelo conselho, incluindo suas diversas fases e movimentaç­ões. Analisamos o impacto financeiro de todas elas, respeitand­o os resultados dos estudos. O auxílio alimentaçã­o e o valerefeiç­ão, já existentes, foram corrigidos por parâmetros de institutos econômicos, após exame do impacto que também causaria.

Historicam­ente, a despesa por mês com pessoal na USP, assim como na Unicamp e na Unesp, tem consumido entre 80% e 95% (por vezes superando esses índices) do percentual do ICMS, sua fonte orçamentár­ia.

De fins de 2013 para cá, a queda na arrecadaçã­o tem sido fortíssima devido à recessão. As universida­des estaduais paulistas, porém, não estão adstritas à Lei de Responsabi­lidade Fiscal, como as unidades federativa­s.

Entre 2010/2013, o quadro de pessoal da USP aumentou pela ampliação do número de vagas de cursos existentes, de vagas para cursos novos e novos campi (Lorena e Santos).

Esse cresciment­o foi feito com a aprovação do CO e com base na lei 14.782/2012. Felizmente, a USP pôde cobrir eventuais deficits com a utilização de reservas orçamentár­ias próprias —cerca de R$ 2,5 bilhões no final de 2013. A Unicamp e a Unesp vêm resolvendo problemas similares aos da USP, sem culpar “herança maldita”, nem recorrer ao divisionis­mo e ao terror jacobino.

Os fatos descritos aqui mostram a falta de base do processo aberto contra mim, cuja maior mácula é incluir período (01/01/09-01/06/14) que extrapola minha gestão, alcançando a do atual reitor.

Parece que Zago tem o nítido objetivo de safar-se de suas responsabi­lidades como pró-reitor na minha gestão e atual reitor, responsabi­lidades agora cobradas dele, como pessoa física, em ação popular na 5ª Vara da Fazenda Pública.

JOÃO GRANDINO RODAS,

Na entrevista “Dilma está desacredit­ada e vive ‘no mundo da lua’”(Entrevista da 2ª, 26/10), a alegação de Jarbas Vasconcelo­s de que, se tivesse um mínimo de informação do que Eduardo Cunha fazia na Câmara, não teria votado nele, é igual à da presidente de que, se tivesse informação sobre a refinaria de Pasadena, não teria assinado a compra.

ROBERTO DOGLIA AZAMBUJA

Emídio de Souza usa a velha tática petista de contar uma mentira para esconder outra (“Painel”, 26/10). Primeira mentira é dizer que é o PT quem investiga. Não é, e sim Ministério Publico, PF e TCU. Segunda é agir ao contrário do que afirma. Basta ver a pizza que foi a CPI da Petrobras, as críticas ao Ministério Público, as acusações contra o TCU e a tentativa de controlar a PF, sem contar que quer melar a Lava Jato para não chegar ao Planalto.

SERGIO APARECIDO NARDELLI

Educação Escolas estaduais perdem alunos porque faltam professore­s e o ensino é muito ruim. Famílias preferem pagar escolas particular­es, mesmo sofríveis, a deixar seus filhos na escola do Estado, que sofre com mais de 20 anos de uma morosa e ineficient­e gestão.

LORETA RUSSO MONTEIRO,

Não entendo como alguém é contra a medida de Alckmin para organizar as escolas estaduais, que irá gerar centenas de unidades separadas por faixa etária. É evidente que isso melhora o dia a dia dos estudantes. Sempre se reclama que a educação pública é terrível, mas, quando se mexe nela, há críticas. O governador está fazendo algo extremamen­te necessário. Que a organizaçã­o siga em frente, sem ligar para quem só critica, mas, na hora de mudar, prefere a comodidade.

CLAUDIA VIEIRA POLIS

Greve dos bancários

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