Servidor público, alma da democracia
Os servidores são, antes de tudo, cidadãos que também almejam por bons serviços e se entristecem com o mau funcionamento da máquina
“Olhou em torno: gamela/ Banco, enxerga, caldeirão/ Vidro, parede, janela/ Casa, cidade, nação! / Tudo, tudo o que existia/ Era ele quem o fazia/ Ele, um humilde operário/ Um operário que sabia/ Exercer a profissão.”
Vinicius de Moraes retratou com precisão o susto do operário ao se deparar com o tamanho da própria importância para a sociedade. Afinal, o que seria de nós se não fosse o operário? O que seria da sociedade se esse simples trabalhador não acordasse todas as manhãs e se dispusesse a mover a gigantesca engrenagem que impulsiona a nação?
Fomos catequizados, ao longo da história, a reduzir nossa importância a pó. Não nos achamos qualificados, tampouco responsáveis pelas mudanças que impactam o país.
Assim como o simples operário, muitos servidores públicos ainda estão acanhados diante da importância de seu trabalho para o atendimento do interesse público. Eles não se deram conta de que compõem a alma da democracia.
Em novos tempos de cidadania, em que as palavras transparência, produtividade e meritocracia estão em voga, são os servidores que se comunicam com os movimentos e os representantes externos ao poder público e, principalmente, representam a sociedade dentro da estrutura pública.
Ainda existem muitos percalços a serem transpostos para que se desfrute plenamente de políticas públicas eficazes e eficientes. O fato de os servidores públicos serem vítimas de muitos abusos e de sucessivos desmandos que ocasionam prejuízos ao povo é um deles.
A nomeação abusiva de cargos de confiança e os diversos programas “públicos” disfarçados e politizados para angariar prestígio fragilizam a nossa estrutura e nos deixam à mercê de legendas e governantes.
Os servidores são, antes de tudo, cidadãos que também almejam por bons serviços e se entristecem com o mau funcionamento da máquina pública, pois sabem que não há nada mais forte para mover uma democracia do que ter serviços públicos de qualidade.
Apesar de todo cenário adverso, não podemos esmorecer. Nesta quarta (28/10), quando se comemora o dia do servidor público, temos que nos orgulhar daqueles que fazem a diferença para a sociedade, que deixam suas marcas na história pelo bom desempenho da sua função e pelo comprometimento.
Basta ter em mente o recente trabalho desempenhado pelos 14 auditores do Tribunal de Contas da União, imprescindível para o julgamento das contas do governo. Eles, sem sombra de dúvida, representaram os interesses dos cidadãos dentro de um arcabouço legal e institucional. Os servidores estão construindo os capítulos da longa história da jovem democracia brasileira.
As dificuldades na estabilidade da democracia no Brasil ainda são inúmeras. Enquanto esse cenário ideal não se concretiza, é preciso focar na satisfação de uma necessidade sem a qual não se pode alcançar a plena democracia: o investimento e a capacitação permanente dos servidores públicos e a valorização mais efetiva das instituições.
Ou o Brasil salta de volta para a democracia, no qual a lei é uma e vale para todos, ou mergulha de vez no abismo profundo do retrocesso.
NILTON PAIXÃO,
É errado como funciona o Bolsa Família. Objetiva preservar um curral eleitoral mantido com recursos públicos, garantindo votos sem resgatar a dignidade e propiciar desenvolvimento. Poderia ser de forma temporária, ter prazo de, digamos, de dois anos. Seria tempo suficiente para matricular os beneficiados em cursos, despertando suas aptidões.
HUMBERTO SCHUWARTZ SOARES
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O presidente do Bradesco mente descaradamente (“Reajuste dos bancários desafia rentabilidade dos bancos, diz presidente do Bradesco”, folha.com/ no1698728). Os bancos tiveram quase R$ 40 bilhões de lucro no primeiro semestre de 2015 e pagam salários e encargos dos funcionários só com tarifas cobradas dos clientes. Exploram o povo, os trabalhadores e os clientes.
WILSON DUARTE GIMENEZ