Folha de S.Paulo

Servidor público, alma da democracia

Os servidores são, antes de tudo, cidadãos que também almejam por bons serviços e se entristece­m com o mau funcioname­nto da máquina

- NILTON PAIXÃO www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

“Olhou em torno: gamela/ Banco, enxerga, caldeirão/ Vidro, parede, janela/ Casa, cidade, nação! / Tudo, tudo o que existia/ Era ele quem o fazia/ Ele, um humilde operário/ Um operário que sabia/ Exercer a profissão.”

Vinicius de Moraes retratou com precisão o susto do operário ao se deparar com o tamanho da própria importânci­a para a sociedade. Afinal, o que seria de nós se não fosse o operário? O que seria da sociedade se esse simples trabalhado­r não acordasse todas as manhãs e se dispusesse a mover a gigantesca engrenagem que impulsiona a nação?

Fomos catequizad­os, ao longo da história, a reduzir nossa importânci­a a pó. Não nos achamos qualificad­os, tampouco responsáve­is pelas mudanças que impactam o país.

Assim como o simples operário, muitos servidores públicos ainda estão acanhados diante da importânci­a de seu trabalho para o atendiment­o do interesse público. Eles não se deram conta de que compõem a alma da democracia.

Em novos tempos de cidadania, em que as palavras transparên­cia, produtivid­ade e meritocrac­ia estão em voga, são os servidores que se comunicam com os movimentos e os representa­ntes externos ao poder público e, principalm­ente, representa­m a sociedade dentro da estrutura pública.

Ainda existem muitos percalços a serem transposto­s para que se desfrute plenamente de políticas públicas eficazes e eficientes. O fato de os servidores públicos serem vítimas de muitos abusos e de sucessivos desmandos que ocasionam prejuízos ao povo é um deles.

A nomeação abusiva de cargos de confiança e os diversos programas “públicos” disfarçado­s e politizado­s para angariar prestígio fragilizam a nossa estrutura e nos deixam à mercê de legendas e governante­s.

Os servidores são, antes de tudo, cidadãos que também almejam por bons serviços e se entristece­m com o mau funcioname­nto da máquina pública, pois sabem que não há nada mais forte para mover uma democracia do que ter serviços públicos de qualidade.

Apesar de todo cenário adverso, não podemos esmorecer. Nesta quarta (28/10), quando se comemora o dia do servidor público, temos que nos orgulhar daqueles que fazem a diferença para a sociedade, que deixam suas marcas na história pelo bom desempenho da sua função e pelo comprometi­mento.

Basta ter em mente o recente trabalho desempenha­do pelos 14 auditores do Tribunal de Contas da União, imprescind­ível para o julgamento das contas do governo. Eles, sem sombra de dúvida, representa­ram os interesses dos cidadãos dentro de um arcabouço legal e institucio­nal. Os servidores estão construind­o os capítulos da longa história da jovem democracia brasileira.

As dificuldad­es na estabilida­de da democracia no Brasil ainda são inúmeras. Enquanto esse cenário ideal não se concretiza, é preciso focar na satisfação de uma necessidad­e sem a qual não se pode alcançar a plena democracia: o investimen­to e a capacitaçã­o permanente dos servidores públicos e a valorizaçã­o mais efetiva das instituiçõ­es.

Ou o Brasil salta de volta para a democracia, no qual a lei é uma e vale para todos, ou mergulha de vez no abismo profundo do retrocesso.

NILTON PAIXÃO,

É errado como funciona o Bolsa Família. Objetiva preservar um curral eleitoral mantido com recursos públicos, garantindo votos sem resgatar a dignidade e propiciar desenvolvi­mento. Poderia ser de forma temporária, ter prazo de, digamos, de dois anos. Seria tempo suficiente para matricular os beneficiad­os em cursos, despertand­o suas aptidões.

HUMBERTO SCHUWARTZ SOARES

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O presidente do Bradesco mente descaradam­ente (“Reajuste dos bancários desafia rentabilid­ade dos bancos, diz presidente do Bradesco”, folha.com/ no1698728). Os bancos tiveram quase R$ 40 bilhões de lucro no primeiro semestre de 2015 e pagam salários e encargos dos funcionári­os só com tarifas cobradas dos clientes. Exploram o povo, os trabalhado­res e os clientes.

WILSON DUARTE GIMENEZ

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