Folha de S.Paulo

Tradiciona­is se agruparão em torno de Macri.

-

DANIEL FILMUS

ex-ministro da Educação kirchneris­ta Qual vai ser a estratégia de Scioli agora?

Creio que vai seguir com o discurso da continuida­de, mas não adianta fazer campanha dizendo apenas o que já foi feito, é preciso apontar para a frente. Creio que ficarão mais claras, agora, as diferenças entre os candidatos. Como sociólogo, como vê o inédito segundo turno? Haverá mudança na política argentina, na qual nunca foram comuns alianças entre partidos?

Não creio que teremos mais alianças, pelo menos do ponto de vista formal. Penso que os apoios ocorrerão informalme­nte: os setores que vêm do peronismo e do progressis­mo irão se agrupar com Scioli, enquanto os setores mais conservado­res e Como é competir contra Mauricio Macri [Filmus, da Frente para a Vitória, o enfrentou na eleição para chefe de governo de Buenos Aires em 2011]?

Concorri com ele numa cidade que é, justamente, a que mais se beneficiou das mudanças que o kirchneris­mo promoveu. Em Buenos Aires, o peronismo não ganhava nem com Perón vivo. O peronismo vencia no país todo e não aqui. Isso não mudou.

É preciso lembrar que Macri não compareceu aos debates durante a campanha de 2011. Teve uma atitude igual à que critica em Scioli hoje.

Mas uma coisa é ganhar em uma cidade como Buenos Aires, onde a maior parte da população pode prescindir de um Estado presente. Para ganhar no país, Macri tem de mudar de discurso.

E ele já vem fazendo isso. Está falando bem das estatizaçõ­es, defendendo o atual status da [petroleira] YPF, das Aerolíneas [ambas estatizada­s nos últimos anos] e dizendo que continuará com a política de benefícios sociais.

Não é por acaso. Num nível nacional, se ele não defender essas bandeiras, terá menos chances de ganhar.

um Estado presente. Para ganhar no país, Macri tem de mudar

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil