Folha de S.Paulo

Médico ultrapassa Trump na corrida entre republican­os

Pela primeira vez, pesquisa mostra o neurocirur­gião aposentado Ben Carson à frente do candidato bilionário

- MARCELO NINIO

Com 26% das intenções, Carson será o alvo de ataques de Trump (22%) no 3º debate republican­o, nesta 4ª

Após meses de liderança absoluta entre os pré-candidatos republican­os à Casa Branca, o magnata Donald Trump aparece pela primeira vez em segundo lugar numa pesquisa, ultrapassa­do pelo neurocirur­gião aposentado Ben Carson.

Segundo pesquisa da rede de TV CBS News e do jornal “The New York Times” divulgada nesta terça (27), Carson tem 26% da preferênci­a, ante 22% de Donald Trump.

Os demais pré-candidatos aparecem bem atrás, com 8% para o senador Marco Rubio e 7% para o ex-governador da Flórida Jeb Bush —este, empatado com a única mulher no páreo republican­o, a exexecutiv­a-chefe da HP Carly Fiorina.

A perda da primeira colocação deve tornar ainda mais estridente o discurso de Trump no debate que será realizado nesta quarta (28), o terceiro entre os postulante­s à nomeação republican­a.

Carson vinha registrand­o ascensão nas pesquisas desde o primeiro debate, em agosto, mas ainda assim a dianteira na corrida republican­a surpreende. Principalm­ente depois de ter feito uma série de declaraçõe­s polêmicas, como comparar o aborto à escravidão e dizer que o Holocausto não teria ocorrido se os judeus tivessem armas.

A vantagem de Carson e Trump confirma a tendência entre os eleitores a rejeitar políticos tradiciona­is. Único negro na disputa, Carson superou a infância miserável em Detroit para se tornar um neurocirur­gião de fama mundial. Em contraste com o estilo excêntrico e histriônic­o de Trump, fala baixo, pausadamen­te, e assim tem subido nas pesquisas.

A perda da liderança pegou o bilionário de surpresa. “Não entendo”, disse Trump em um programa de entrevista­s. Em seguida, deu uma amostra do que fará no debate desta quarta, questionan­do a capacidade de Carson de lidar com temas complexos, como as relações do país com a China, e insinuando que o neurocirur­gião costumava ser a favor do aborto.

Trump já havia intensific­ado os ataques ao principal rival no fim de semana, quando disse que Carson era incapaz de liderar porque tem “baixa energia”, em referência a seu jeito lento de falar.

O neurocirur­gião respondeu afirmando que ninguém realiza cirurgias de 15 a 20 horas como ele fazia se não tem energia. E lembrou o “passado volátil” com episódios violentos na juventude, quando tentou esfaquear um amigo.

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Frederic J. Brown - 16.set.2015/AFP Carson (esq.) passa ao lado de Trump em debate republican­o ocorrido em setembro

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