Aos 70, Lula ainda faz história
Uma das maiores virtudes do expresidente Lula, que completou 70 na última terça (27), é ter mantido, ao longo da vida, um coerente compromisso com suas origens sociais. Sua trajetória é, toda ela, vinculada às lutas da classe trabalhadora e da população mais humilde por melhores condições de vida, por um país mais igual, mais justo, verdadeiramente democrático.
A história do Brasil, desde a luta pela redemocratização na década de 1970, não se escreve sem ressaltar seu protagonismo. Lula é um desses raros personagens que encarnam a alma de seu povo e as lutas de sua época.
O movimento do novo sindicalismo, independente, combativo e sustentado no “chão da fábrica”, como se dizia, já seria suficiente para garantir a Lula e a seus companheiros um lugar na história. As grandes greves de 1979 e 1980 e a organização independente dos trabalhadores, que daria origem à CUT, conferiram uma nova qualidade para a luta pela democracia.
Ao entrar em cena, os trabalhadores não apenas confrontaram corajosamente a ditadura militar mas também elevaram a pauta democrática, incluindo a liberdade de organização sindical e a luta por direitos sociais. Tornaram-se atores inesperados, e fundamentais, do grande movimento da sociedade brasileira pela redemocratização.
Lula voltou a surpreender o país com a criação do Partido dos Trabalhadores, em 1980. Atuando sempre em conjunto com seus companheiros, dialogando e ampliando a interlocução —e esta é outra de suas grandes qualidades—, Lula aglutinou em torno do PT sindicalistas da cidade e do campo, intelectuais, comunidades de base da igreja, setores da classe média assalariada.
Assim como o novo sindicalismo, a criação do PT, amplo, vivo, presente nas lutas populares e nucleado pela base, não estava nos planos das elites políticas de então. Podese afirmar que o protagonismo político dos trabalhadores impediu que a transição do Brasil para a democracia se desse totalmente “por cima”, que se tornasse mais um pacto de elites em nossa história.
As forças populares apresentaram sua própria agenda, que se refletiria nos avanços conquistados na Constituição de 1988. Mantendose fiel a seus compromissos sociais e percorrendo o Brasil, para falar e ouvir, nas caravanas da cidadania e como candidato à Presidência, Lula consolidou-se como símbolo da esperança e dos anseios por uma grande transformação do país.
Lula fez história mais uma vez ao se tornar, em 2002, o primeiro pre- sidente do Brasil originado das classes populares e comprometido com elas. Seus dois mandatos provaram que é possível governar com diálogo e participação, governar para todos, com especial atenção aos que mais precisam.
Por isso, nesses quase 13 anos de governo do PT e dos nossos aliados, o Brasil tornou-se uma das maiores economias do mundo, um país respeitado internacionalmente; ven- cemos a fome e nossa população conheceu a maior ascensão social de todos os tempos.
Por tudo isso, Lula é o maior líder popular do país e resiste, hoje, à mais sórdida campanha que as elites e sua imprensa já desencadearam contra um brasileiro. A virulência dessa campanha, que visa desarticular, atingindo seu líder, o campo popular e democrático, atesta a vitalidade política de Lula.
É a candidatura de Lula em 2018 —algo que ainda não está resolvido, mas tem meu decidido apoio— que essa campanha tenta atingir. Aos 70 anos, Lula ainda tem muito a contribuir para a história do Brasil. RUI FALCÃO,
Deixa eu ver se eu entendi a lógica tucana, de acordo com o presidente do PSDB de Santos, que ataca a posição de Cláudio Lembo (Painel do Leitor, 28/10). Como o “povo” queria a reeleição, isso legitimou e absolveu FHC pela compra de deputados? Patético e triste esse pensamento curto e parcial. Explica muito do componente hipócrita da nossa atual crise política. Discordo muito de Lembo, mas, nos aspectos éticos, há muito ele se mantém coerente e correto em sua visão.
EVALDO STANISLAU AFFONSO DE ARAÚJO,
Pela ocasião do 70º aniversário da vitória sobre o fascismo, o documentário “Objetivo Baku - A Guerra de Hitler pelo Petróleo” foi produzido com apoio da Fundação Heydar Aliyev, destaca o papel do Azerbaijão nessa vitória e demonstra a importância estratégica do petróleo de Baku (“A Segunda Guerra e suas imagens”, “Ilustríssima”, 25/10). Cerca de 700 mil azerbaijaneses participaram da guerra e mais da metade deles morreu. Mais de 70% de óleo, 80% de petróleo e 90% de óleo de motor consumidos pela União Soviética foram fornecidos pelo Azerbaijão.
ELNUR SULTANOV,