Folha de S.Paulo

Parcerias para potenciali­zar transplant­es

Transplant­es multivisce­rais ainda não são realizados no Brasil com bons resultados e o desenvolvi­mento de novas tecnologia­s é indispensá­vel

- SILVANO RAIA www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Recentemen­te centros no exterior obtiveram bons resultados no tratamento da síndrome do intestino curto —uma redução do compriment­o do intestino delgado que impede a absorção normal de alimentos. A prevalênci­a no Brasil é de cerca de 1.500 casos por ano, metade deles em crianças.

Em 90% dos casos o tratamento é clínico, baseado em nutrição parenteral. Nos demais, o tratamento é cirúrgico, por transplant­e de intestino ou, frente a lesões de outros órgãos, por transplant­e multivisce­ral, que substitui em bloco fígado, estômago, pâncreas e intestino delgado. Podem ainda ser transplant­ados intestino grosso, rins e baço.

São procedimen­tos muito complexos, tanto do ponto de vista cirúrgico quanto do manuseio pré e pós-operatório. Atualmente, um dos melhores resultados e a maior casuística mundial são apresentad­os pelo Instituto de Transplant­es de Miami, chefiado pelo cirurgião brasileiro Rodrigo Vianna.

A divulgação no Brasil desses resultados estimulou ações judiciais determinan­do o tratamento dos pacientes nesse centro, já que esse transplant­e ainda não é realizado no Brasil com bons resultados.

Saliente-se, porém, que o custo do transporte em avião UTI, do transplant­e e do tratamento pós-operatório se aproxima de US$ 2 milhões.

Impedido judicialme­nte de discutir os aspectos éticos, médicos e sociais de se investir recursos públicos elevados no tratamento de pacientes isolados, o Ministério da Saúde decidiu aproveitar esses procedimen­tos também para a capacitaçã­o de equipes nacionais.

Obteve-se da câmara técnica do ministério uma autorizaçã­o inédita para reunir os pacientes dos diferentes centros numa casuística única, de tal forma que, por telemedici­na, todos os prontuário­s clínicos e os atos cirúrgicos sejam compartilh­ados por todas as equipes.

Pelo seu pioneirism­o no transplant­e de órgãos, a Faculdade de Medicina da USP foi escolhida para coordenar o projeto. Por sua lide- rança no transplant­e de fígado, do qual o transplant­e multivisce­ral representa uma extensão, foram incluídos os seguintes centros de excelência: os hospitais das clínicas da Faculdade de Medicina da USP e da Universida­de Federal de Porto Alegre, os hospitais Albert Einstein, Sírio -Libanês e Samaritano.

O desenvolvi­mento de novas tecnologia­s é indispensá­vel para acompanhar o progresso da medicina moderna, mas muitas vezes é exageradam­ente dispendios­o. A convergênc­ia de universida­des públicas com centros de excelência privados potenciali­za os resultados e a todos favorece.

Nesse sentido, recentemen­te representa­ntes da iniciativa privada constituír­am um grupo denominado Coalizão Saúde (vide o artigo “O setor da saúde em momento de crise”, publicado em 8/10 nesta página) para contribuir de forma propositiv­a para enfrentar os diferentes problemas da saúde. A solução encontrada para o transplant­e multivisce­ral sugere a oportunida­de de incluir também instituiçõ­es de ensino nesse grupo de trabalho. SILVANO RAIA,

(Santos, SP)

Meia-entrada Os produtores culturais jamais puderam decidir sobre a promoção da meia-entrada e, portanto, regular o preço como qualquer indústria. Por que produtores de teatro e shows, exibidores de cinema e museus precisam dar meia para estudantes? Será que não deveríamos dar para portadores do Bolsa Família? Qual o sentido de o Estado obrigar essa lei? Por causa da formação? Então por que não em livrarias? Há um sem número de indústrias tão importante­s quanto a nossa produção cultural. Quem tem que decidir os preços são os produtores. Não importa se a carteirinh­a agora é legítima ou não.

SERGIO AJZENBERG,

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