Parcerias para potencializar transplantes
Transplantes multiviscerais ainda não são realizados no Brasil com bons resultados e o desenvolvimento de novas tecnologias é indispensável
Recentemente centros no exterior obtiveram bons resultados no tratamento da síndrome do intestino curto —uma redução do comprimento do intestino delgado que impede a absorção normal de alimentos. A prevalência no Brasil é de cerca de 1.500 casos por ano, metade deles em crianças.
Em 90% dos casos o tratamento é clínico, baseado em nutrição parenteral. Nos demais, o tratamento é cirúrgico, por transplante de intestino ou, frente a lesões de outros órgãos, por transplante multivisceral, que substitui em bloco fígado, estômago, pâncreas e intestino delgado. Podem ainda ser transplantados intestino grosso, rins e baço.
São procedimentos muito complexos, tanto do ponto de vista cirúrgico quanto do manuseio pré e pós-operatório. Atualmente, um dos melhores resultados e a maior casuística mundial são apresentados pelo Instituto de Transplantes de Miami, chefiado pelo cirurgião brasileiro Rodrigo Vianna.
A divulgação no Brasil desses resultados estimulou ações judiciais determinando o tratamento dos pacientes nesse centro, já que esse transplante ainda não é realizado no Brasil com bons resultados.
Saliente-se, porém, que o custo do transporte em avião UTI, do transplante e do tratamento pós-operatório se aproxima de US$ 2 milhões.
Impedido judicialmente de discutir os aspectos éticos, médicos e sociais de se investir recursos públicos elevados no tratamento de pacientes isolados, o Ministério da Saúde decidiu aproveitar esses procedimentos também para a capacitação de equipes nacionais.
Obteve-se da câmara técnica do ministério uma autorização inédita para reunir os pacientes dos diferentes centros numa casuística única, de tal forma que, por telemedicina, todos os prontuários clínicos e os atos cirúrgicos sejam compartilhados por todas as equipes.
Pelo seu pioneirismo no transplante de órgãos, a Faculdade de Medicina da USP foi escolhida para coordenar o projeto. Por sua lide- rança no transplante de fígado, do qual o transplante multivisceral representa uma extensão, foram incluídos os seguintes centros de excelência: os hospitais das clínicas da Faculdade de Medicina da USP e da Universidade Federal de Porto Alegre, os hospitais Albert Einstein, Sírio -Libanês e Samaritano.
O desenvolvimento de novas tecnologias é indispensável para acompanhar o progresso da medicina moderna, mas muitas vezes é exageradamente dispendioso. A convergência de universidades públicas com centros de excelência privados potencializa os resultados e a todos favorece.
Nesse sentido, recentemente representantes da iniciativa privada constituíram um grupo denominado Coalizão Saúde (vide o artigo “O setor da saúde em momento de crise”, publicado em 8/10 nesta página) para contribuir de forma propositiva para enfrentar os diferentes problemas da saúde. A solução encontrada para o transplante multivisceral sugere a oportunidade de incluir também instituições de ensino nesse grupo de trabalho. SILVANO RAIA,
(Santos, SP)
Meia-entrada Os produtores culturais jamais puderam decidir sobre a promoção da meia-entrada e, portanto, regular o preço como qualquer indústria. Por que produtores de teatro e shows, exibidores de cinema e museus precisam dar meia para estudantes? Será que não deveríamos dar para portadores do Bolsa Família? Qual o sentido de o Estado obrigar essa lei? Por causa da formação? Então por que não em livrarias? Há um sem número de indústrias tão importantes quanto a nossa produção cultural. Quem tem que decidir os preços são os produtores. Não importa se a carteirinha agora é legítima ou não.
SERGIO AJZENBERG,
LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA -
SERVIÇOS DE ATENDIMENTO AO ASSINANTE:
OMBUDSMAN: Newsletter do editor Cumprimento o editor Sérgio Dávila por mais esse serviço via e-mail que revela um jornal cada vez mais antenado com seu leitor (“Folha passa a oferecer dicas do editor para seus assinantes”, “Poder”, 25/10). Parabéns!
LUIZ FERNANDO EMEDIATO,
Cumprimento Sérgio Dávila pela participação no programa “Roda Viva” e pelas dicas do editor, que ajudam bastante na seleção de leitura.
ORESTES ROMANO