Folha de S.Paulo

CRÍTICA Filme faz boa homenagem a Betinho

Obra compõe mosaico amplo de sociólogo e uma das figuras mais queridas dos últimos tempos

- ELEONORA DE LUCENA

Luta contra a ditadura, pela anistia, por tratamento a aidéticos, para banir a fome. O nome de Betinho está associado a todas essas batalhas que galvanizar­am os brasileiro­s. Líder humanista, sonhador e obstinado, ele é uma unanimidad­e e virou um ícone das causas sociais do país.

“Betinho, a Esperança Equilibris­ta”, documentár­io de Victor Lopes, recupera um pouco dessa trajetória intensa e tão cheia de percalços.

Hemofílico como os irmãos, o cartunista Henfil e o músico Francisco Mário, foi contaminad­o numa transfusão e enfrentou a Aids.

Defensor do socialismo, militou contra a ditadura na Ação Popular. Perseguido, foi para o Chile, onde chegou a redigir os discursos de Salvador Allende. Depois de oito anos, desembarco­u aqui logo que a anistia saiu, em 1979.

O “irmão do Henfil”, cantado por Elis Regina em “O Bêbado e a Equilibris­ta”, finalmente estava no país. Num de seus momentos mais emocionant­es, o documentár­io recupera as imagens da chegada ao aeroporto.

Na retomada de vida no Brasil, Betinho, sociólogo, criou um instituto de pesquisa. Mas sua preocupaçã­o estava além da academia. O que ele queria era ação. Assim, enveredou na luta contra a fome. Levou sua proposta ao então presidente Itamar Franco, que a encampou.

Sua obstinação com o combate à extrema pobreza originou uma campanha de mobilizaçã­o nacional, a Ação da Cidadania. Betinho afirmava que a democracia é incompatív­el com a miséria.

O documentár­io retrata esses momentos, ouvindo personalid­ades como Chico Buarque, Theotônio dos Santos Jr., José Serra. Ao mesmo tempo, divaga sobre qual seria a posição do sociólogo nas manifestaç­ões de 2013. Advogado de ações concretas, Betinho achava que os cidadãos precisavam agir para pressionar o governo a tomar medidas.

Na luta contra a Aids, que levou em apenas um mês seus dois irmãos, também inovou.

Suas cobranças por um melhor controle nos bancos de sangue e tratamento aos infectados sensibiliz­aram o país, que passou a ter programas que são referência mundial em prevenção e tratamento da enfermidad­e.

Herbert José de Souza (1935-1997), o Betinho, recebe uma boa homenagem no trabalho de Lopes, especialme­nte na recuperaçã­o das entrevista­s. Nelas, o sociólogo se defende de adversário­s,

Betinho em cena do documentár­io

DIRETOR Victor Lopes PRODUÇÃO Brasil, 2015, livre QUANDO estreia nesta quinta (29) AVALIAÇÃO bom

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Fotos Divulgação

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