Folha de S.Paulo

‘SemFilhos’prova queArgenti­nafaz comédiastã­oruins quantoasno­ssas

- ANDRÉ BARCINSKI

faz autocrític­as, chora.

Sem se arriscar no terreno político, o filme compõe um mosaico amplo de uma das figuras mais queridas dos últimos tempos.

FOLHA

Quando o filme “Relatos Selvagens” chegou ao Brasil, muito se falou sobre a suposta superiorid­ade do cinema argentino sobre o nosso. Mas depois de ver “Sem Filhos”, não temos com o que nos preocupar: nossos vizinhos são capazes de fazer comédias tão ruins quantos as nossas.

Dirigida por Ariel Winograd, é mais um desses filmes românticos feitos em piloto automático e de encomenda para o público que adora novelas de TV e abomina qualquer vestígio de ousadia.

Gabriel (Diego Peretti) é um quarentão divorciado e pai de uma menina de nove anos, Sofia (Guadalupe Manent). O sujeito só pensa na filha e só fala sobre a garota, o que afasta pretendent­es e acaba com sua vida amorosa.

Até que surge Vicky (Maribel Verdú), uma gata sexy e antigo amor platônico de Gabriel na adolescênc­ia, que começa a flertar com ele. Em pouco tempo, os dois estão perdidamen­te apaixonado­s.

Só há um problema: Vicky odeia crianças. Gabriel só tem uma saída se quiser continuar dividindo a cama com ela: esconder a filha.

É sobre esse tema instigante que “Sem Filhos” desfila uma insuportáv­el bateria de piadas manjadas e cenas que você já viu 357 vezes na “Sessão da Tarde”, incluindo encontros inesperado­s entre personagen­s que não poderiam se ver e até —socorro!— um número musical. Dá vontade de cometer suicídio.

Não dá para culpar o tema pela ruindade do filme. É só lembrar “Enquanto Somos Jovens”, recente e ótima comédia de Noah Baumbach sobre um casal de quarentões que não quer ter filhos e não entende por que seus amigos e amigas babam por bebês.

ANDRÉ BARCINSKI

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