‘SemFilhos’prova queArgentinafaz comédiastãoruins quantoasnossas
faz autocríticas, chora.
Sem se arriscar no terreno político, o filme compõe um mosaico amplo de uma das figuras mais queridas dos últimos tempos.
FOLHA
Quando o filme “Relatos Selvagens” chegou ao Brasil, muito se falou sobre a suposta superioridade do cinema argentino sobre o nosso. Mas depois de ver “Sem Filhos”, não temos com o que nos preocupar: nossos vizinhos são capazes de fazer comédias tão ruins quantos as nossas.
Dirigida por Ariel Winograd, é mais um desses filmes românticos feitos em piloto automático e de encomenda para o público que adora novelas de TV e abomina qualquer vestígio de ousadia.
Gabriel (Diego Peretti) é um quarentão divorciado e pai de uma menina de nove anos, Sofia (Guadalupe Manent). O sujeito só pensa na filha e só fala sobre a garota, o que afasta pretendentes e acaba com sua vida amorosa.
Até que surge Vicky (Maribel Verdú), uma gata sexy e antigo amor platônico de Gabriel na adolescência, que começa a flertar com ele. Em pouco tempo, os dois estão perdidamente apaixonados.
Só há um problema: Vicky odeia crianças. Gabriel só tem uma saída se quiser continuar dividindo a cama com ela: esconder a filha.
É sobre esse tema instigante que “Sem Filhos” desfila uma insuportável bateria de piadas manjadas e cenas que você já viu 357 vezes na “Sessão da Tarde”, incluindo encontros inesperados entre personagens que não poderiam se ver e até —socorro!— um número musical. Dá vontade de cometer suicídio.
Não dá para culpar o tema pela ruindade do filme. É só lembrar “Enquanto Somos Jovens”, recente e ótima comédia de Noah Baumbach sobre um casal de quarentões que não quer ter filhos e não entende por que seus amigos e amigas babam por bebês.
ANDRÉ BARCINSKI