Folha de S.Paulo

Itamaraty economiza 10% do Orçamento com cortes

Pasta poupa R$ 130 mi, mas gasta R$ 330 mi a mais devido à alta do dólar

- ISABEL FLECK

Entre medidas adotadas pelo ministério estão a extinção de residência oficial para cônsules e negociação de contratos

As medidas adotadas pelo Itamaraty para enfrentar a crise orçamentár­ia e os cortes estabeleci­dos pelo governo em 2015 permitiram ao ministério economizar quase R$ 130 milhões neste ano — cerca de 10% do R$ 1,5 bilhão gasto pela pasta com custeio no mesmo período.

Os dados são do ministério, que viu sua fatia no Orçamento do Executivo diminuir nos últimos dez anos e enfrentou um corte de mais R$ 40,7 milhões em 2015.

Apesar do esforço de racionaliz­ação de gastos, o Itamaraty acabou empenhando R$ 3,3 bilhões em custeio e pessoal, R$ 800 milhões a mais do que os R$ 2,5 bilhões previstos para a pasta no Orçamento para o ano.

Parte dessa diferença é explicada por uma suplementa­ção de R$ 172 milhões, liberada ao ministério em setembro, e por um crédito extraordin­ário de R$ 300 milhões, entregue em outubro.

O restante —R$ 328 milhões— é justificad­o pelo ministério com a alta do dólar. Quando o projeto do Orçamento foi elaborado, em agosto de 2014, a expectativ­a para o dólar médio de 2015 era de R$ 2,45. A moeda deverá fechar o ano em torno de R$ 4.

“Foi necessário reajustar o orçamento de pessoal para pagar salários dos servidores no exterior, fixados em dólar”, disse o Itamaraty à Folha, em nota.

Os créditos extras e as medidas de racionaliz­ação de gastos foram essenciais para acabar com os constantes atrasos no pagamento de aluguéis de imóveis e serviços no exterior, que criaram saias justas em diversos países, dos EUA à África do Sul.

O ministério afirma não haver dívidas pendentes hoje. “Foram pagas todas as dotações de funcioname­nto da rede de postos: aluguéis oficiais, verba para funcioname­nto e manutenção e salários de funcionári­os locais”. AUXÍLIO-MORADIA Neste ano, os funcionári­os no exterior entraram em greve pela primeira vez desde 2012 por causa especialme­nte dos atrasos de até três meses no pagamento do auxíliomor­adia. A situação só se regularizo­u em outubro.

“Houve um esforço de tentar realmente aliviar, seja para o servidor ou para o Ministério”, afirma Sandra Nepomuceno, presidente do Sinditamar­aty, que esteve à fren- te da greve, em maio.

“Não foi um ano fácil, mas sobrevivem­os.”

Entre as ações tomadas para racionaliz­ar os gastos, estão a extinção de residência oficial para os embaixador­es à frente de consulados-gerais e os representa­ntes alternos nas missões em organismos internacio­nais, e a renegociaç­ão de contratos de aluguel de imóveis oficiais.

As ações estão sendo aplicadas à medida que os contratos vencem. Segundo o ministério, dez residência­s ofi- ciais de cônsules terão sido suspensas até o fim de 2015. A estimativa é que um número semelhante seja suspenso em 2016. O Brasil tem 52 consulados-gerais.

Ainda de acordo com o Itamaraty, 18 imóveis tiveram seus aluguéis revistos e reduzidos em 2015.

O ministério também alterou critérios para o pagamento do auxílio-moradia de servidores no exterior, para estimular a busca por aluguéis mais baratos, revisou contratos no Brasil e está analisan- do o possível ajuste ou fechamento de alguns consulados em fronteiras.

O plano de cortes incluiu ainda um rearranjo de postos, que, neste ano, fechou o consulado-geral em Beirute (Líbano). Seus trabalhos foram “refundidos” com a embaixada na capital libanesa.

Também como parte das fusões, a representa­ção do Brasil na Conferênci­a do Desarmamen­to, criada em 2008, voltará a ser parte da missão do Brasil na ONU em Genebra no primeiro semestre de 2016.

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Alan Marques - 22.nov.15/Folhapress Chanceler Mauro Vieira desce rampa no palácio da Alvorada

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