Folha de S.Paulo

A polícia investiga a existência de quadrilhas que oferecem

- FABRÍCIO LOBEL

DE SÃO PAULO

Motéis, bares, casas de luxo e até uma empresa de concreto. Todos esses locais estão em uma lista de endereços onde a Sabesp e a Polícia Civil encontrara­m casos de desvio de água.

Entre janeiro e outubro de 2015 foram 17.600 flagrantes na Grande São Paulo e na região de Bragança Paulista, 36% a mais que no mesmo período do ano passado. O volume de água desviado também aumentou em 28%.

No total, esses usuários consumiram 3 bilhões de litros de água em um ano, o suficiente para abastecer 290 mil paulistano­s.

A grande maioria das fraudes identifica­das acontecia em residência­s —15.200 ocorrência­s. Outras 1.500 eram em estabeleci­mentos comerciais e 900, em imóveis de uso misto e em indústrias.

Segundo a Sabesp, no entanto, as fraudes em comércios e indústrias são mais graves, por desviarem mais água.

Na maioria das vezes, o alvo da fraude é o hidrômetro, aparelho usado para medir o consumo de água de um endereço. Em alguns casos, os fraudadore­s usam um “superímã” que interfere no campo magnético do aparelho, atrapalhan­do o funcioname­nto dos ponteiros.

Em outro tipo de adulteraçã­o do hidrômetro, uma broca de dentista é usada para abrir um furo no mostrador e interferir no movimento dos marcadores.

Mas há também aqueles que simplesmen­te conectam irregularm­ente a tubulação do imóvel nos canos da Sabesp, sem avisar a empresa.

Nos dois casos, o fraudador consome a água, mas a Sabesp não consegue registrar corretamen­te o volume consumido.

Segundo a empresa de abastecime­nto, denúncias de fraudes tiveram alta em 2015 por causa da crise hídrica, o que contribuiu para o aumento de flagrantes.

No ano passado, o DisqueDenú­ncia (181) recebeu 320 ligações relatando suspeita de furto de água. Em 2015, esse número quase triplicou. Já a Central de Atendiment­o Telefônico da Sabesp (195) recebeu 14% mais denúncias.

A ligação é gratuita para os dois telefones, e é garantido o sigilo do denunciant­e.

A companhia trabalha com quase 70 equipes de “caça fraude” na Grande São Paulo e na região de Bragança Paulista. Os técnicos acompanham o histórico de consumo e vistoriam os imó- MARCELO FRIDORI superinten­dente de auditoria da Sabesp veis quando há indícios de irregulari­dade ou quando recebem denúncia.

Há até casos em que os fiscais se hospedam em hotéis suspeitos de adulteraçã­o dos medidores ou de outros desvios, para observar questões técnicas do prédio.

CRIME ORGANIZADO o serviço de fraude a comerciant­es e condomínio­s.

Segundo Marcelo Fridori, superinten­dente de auditoria da Sabesp, as quadrilhas oferecem o serviço já pronto aos donos de lojas, indústrias ou síndicos de condomínio­s.

“Com a fraude, eles garantem a redução no valor da conta e cobram do cliente uma taxa baseada nesta redução”, conta Fridori.

O dono do estabeleci­mento vai para a delegacia e chega a ser preso

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