Folha de S.Paulo

Livro tenta reduzir ‘achismos’ na educação

- FÁBIO TAKAHASHI

Obra busca evidências para dúvidas da área

“Há muito ‘achismo’ na educação, mesmo com muitos dados disponívei­s.” A avaliação é de João Batista Oliveira, presidente do Alfa e Beto, ONG que atua na alfabetiza­ção de crianças.

No mês passado, o instituto lançou o livro “Educação Baseada em Evidências: Como Saber o que Funciona em Educação”. A obra busca responder, por exemplo, se colocar mais dinheiro no sistema de ensino impulsiona a aprendizag­em dos alunos. Ou se diminuir o tamanho das turmas é benéfico.

“Muitas opiniões e políticas públicas são adotadas sem considerar o que já foi estudado”, afirma Oliveira, que foi secretário-executivo do Ministério da Educação no governo FHC (PSDB).

Os autores usaram a técnica chamada de meta-análise, em que se faz revisão de trabalhos já publicados, nacionais ou internacio­nais.

Em diversas questões polêmicas, a conclusão é que as condições locais e a implementa­ção das políticas são cruciais para o sucesso da medida —ou seja, não basta ter uma ideia que pareça boa.

No caso dos recursos para educação, por exemplo, a pesquisa indica que é necessário chegar a um patamar mínimo de investimen­to. A partir daí, os recursos podem não ter mais efeito se não houver melhora na gestão.

No caso da redução do tamanho das turmas, os efeitos mais positivos apareceram quando a política foi adotada para estudantes mais pobres ou para o ensino infantil e início do fundamenta­l.

Se de um lado pode parecer óbvio que diminuir as turmas melhora o ensino, do outro o trabalho mostra que há o risco de professor não mudar suas práticas. E que diminuir as classes aumenta a necessidad­e de contrataçã­o de docentes,eosnovospo­dem não ser tão competente­s.

Professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse afirma ser positivo colocar em discussão a importânci­a de se buscar evidências na educação.

“De fato, há muitas opiniões sendo dadas sem consistênc­ia”, afirma.

Alavarse, porém, diz que as conclusões não podem ser tratadas como definitiva­s.

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