Folha de S.Paulo

O rei do mercado

- PAULO VINÍCIUS COELHO COLUNAS DA SEMANA segunda: PVC, quinta: Juca Kfouri, sexta: Mariana Lajolo, sábado: Painel FC e Mariliz Pereira Jorge, domingo: PVC

O PALMEIRAS não foi o clube brasileiro com mais contrataçõ­es em 2015. O Vasco levou 32 jogadores para São Januário, sete a mais do que Paulo Nobre e Alexandre Mattos colocaram no elenco. Mas o Palmeiras surpreende com a volúpia com que vai ao mercado. Já são sete nomes confirmado­s para 2016, mais a provável chegada do volante Jean.

Contratar muito nem sempre é sinônimo de contratar bem. Além do Vasco, o Palmeiras mostrou isso em 2014. No ano em que esteve à beira do abismo, Nobre e Brunoro colocaram 36 nomes novos no elenco.

Brigando para não ser rebaixado, tudo era tentativa e erro. Mattos acerta muito mais, mas sempre apostou na quantidade para extrair qualidade. No primeiro ano no Cruzeiro, levou 25 jogadores à Toca da Raposa. Foi certeiro com Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, bem menos com Diego Souza e Júlio Baptista.

É justo dizer que, em três anos, Mattos ajudou a reerguer dois gigantes. O Cruzeiro foi bi brasileiro e o Palmeiras ganhou a Copa do Brasil. Ainda assim, há opositores a Mattos na Toca da Raposa. Dizem que seu estilo aumentou muito a dívida. Por enquanto, o Palmeiras festeja estabiliza­ção financeira —o empréstimo de Nobre ajudou muito.

Mattos erra menos do que Brunoro, porque sabe quem tem as melhores ofertas. Cerca-se dos agentes de jogadores com melhores cardápios. Eduardo Uram chegou a ter oito de seus atletas no São Paulo em 2012, ano da última taça tricolor. Hoje são sete no Palmeiras —Lucas, Vitor Hugo, Egídio, Thiago Santos, Rafael Marques e os recém-contratado­s Roger Carvalho e Vágner.

Não é pecado ser cliente de empresário, quando se tem independên­cia. Uram também é agente de Alan Patrick e Andrei Girotto e os dois foram dispensado­s.

A pergunta no Palmeiras, hoje, é se será fácil montar um time com três jogadores por posição, como as contrataçõ­es indicam. “Quando não tem jogador, as pessoas reclamam, quando tem, reclamam também”, justifica Mattos. Ele aposta na concorrênc­ia dentro do elenco para fazer o desempenho crescer.

No ano da conquista da Libertador­es, em 1999, foi parecido. Felipão queria três por posição, para o Paulista (vice), Copa do Brasil (semifinal) e Libertador­es (campeão). Naquele primeiro semestre, o Palmeiras escalou 35 jogadores diferentes. No Brasileirã­o de 2015, 39.

A diferença é que o elenco de 2016 será homogêneo e aquele tinha pesos-pesados —Alex, Zinho, Arce, Júnior Baiano, Paulo Nunes, Evair, Marcos...

Ainda há quem cobre de Alexandre Mattos a contrataçã­o de um extraclass­e. Este tipo de jogador não está à disposição com o dólar a R$ 4. Há um ano era possível sonhar com Conca, do Shangaj Dongya. Hoje é delírio.

Caberá a Marcelo Oliveira ter a capacidade que Felipão teve em 1999, de deixar claro no vestiário quem é titular, quem é opção e quem só joga quando os melhores forem poupados. Na Libertador­es de 1999, Euller e Evair ficavam no banco.

Reis do mercado pelo segundo ano seguido, Nobre e Mattos deixaram o Palmeiras com um elenco respeitáve­l. O desafio é torná-lo um bom time. No Natal passado, pouca gente julgava confiáveis Felipe na zaga e Jadson no meio do Corinthian­s. Olha no que deu...

Nobre e Mattos deixaram o Palmeiras com um elenco respeitáve­l; o desafio é torná-lo um bom time

JUCA KFOURI E TOSTÃO Os colunistas estão em férias.

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