Folha de S.Paulo

CEOs debatem suas dificuldad­es em eventos intimistas

Consultori­as promovem palestras entre executivos do alto escalão para discutir desde economia a sucessão

- JULIO LAMAS

Encontros suprem falta de ambiente dentro das empresas para que presidente­s e diretores tratem de problemas

FOLHA

Quando um funcionári­o se depara com um problema no trabalho, é comum apelar a colegas ou ao chefe por soluções. Mas quando você é o presidente da empresa, o espaço para debater decisões estratégic­as é menor.

De olho nesse dilema, consultori­as de educação executiva e mentoria criaram encontros privados de presidente­s e diretores do alto escalão em que podem debater os temas que os afligem e, claro, investir nos relacionam­entos.

É o caso da plataforma HSM Management Hubs, criada no ano passado. A ferramenta dá acesso a conteúdos on-line sobre gerenciame­nto e promove encontros entre 150 gestores de grandes empresas do país, como 3M, Mcdonald’s e Nestlé, e gurus globais de administra­ção e economia, como o Nobel de Economia Paul Krugman.

Os eventos reúnem no máximo 30 pessoas e são divididos de acordo com o cargo dos convidados (CEOs, diretores de marketing e de recursos humanos).

“Podem ser empresas de segmentos diferentes, mas todos enfrentam desafios e angústias semelhante­s”, diz Denis Garcia, diretor da HSM.

Os executivos não pagam para participar, mas devem se compromete­r a responder questões nos encontros.

O CEO da Algar Telecom, Luiz Alexandre Garcia, diz que os debates tratam tanto da situação econômica do país quanto dos desafios do dia a dia do trabalho.

“Nos últimos dois encontros, falamos de temas como a formação de sucessores e a importânci­a do líder como motivador. São desafios que a maioria vai encontrar ou já encontrou”, afirma.

André Cano, diretor de recursos humanos do Bradesco, diz que o caráter mais intimista dos encontros ajuda a criar debates mais diretos.

“Como todos ocupam a mesma posição, se sentem mais confortáve­is em tratar de temas que encontram ao longo da carreira”, diz. RELACIONAM­ENTO Já Herbert Viana, diretor de marketing da Localiza, diz que os encontros servem ainda para aprofundar as relações de negócios.

“Uma das participan­tes, que é minha cliente, contou que tinha problemas na relação com o nosso atendiment­o. Conversar pessoalmen­te naquele ambiente de ensino nos ajudou a encontrar a solução, discutindo juntos os desafios dos dois lados da linha”, diz.

A consultori­a CEOLab também oferece encontros entre o alto escalão corporativ­o, além de sessões de mentoria privadas para presidente­s.

“Há um sentimento de isolamento entre membros do alto escalão por falta de espaço para diálogo com profission­ais com problemas semelhante­s”, diz o fundador da consultori­a, Ronaldo Ramos.

Segundo ele, os executivos buscam nesses encontros alternativ­as para enfrentar a pressão do trabalho. “Somos procurados quando o empresário percebe que seu repertório de ferramenta­s precisa de renovação.”

Foi o caso do presidente­executivo da distribuid­ora de cestas básicas Brasil Alimentos, Pedro Bayarry.

Diretor financeiro até 2012, quando assumiu a liderança da empresa, sentiu falta de um ambiente em que pudesse tratar de temas como articulaçõ­es e comportame­nto corporativ­o.

“Quando você é um diretor, tem compartilh­amento de informação para o lado e para cima. No topo da lista, você sente necessidad­e de trocar experiênci­as com alguém que tenha o mesmo perfil.”

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André Cano, diretor de recursos humanos do Bradesco, na sede do banco, em Osasco

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