Rede autorizada
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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Revisões com preço fixo e prazos mais longos de garantia já são regra no mercado automotivo. Essas práticas aumentam o fluxo de clientes nas concessionárias, e uma coisa está ligada à outra: se a manutenção periódica não for feita, o carro perde a cobertura de fábrica.
O motorista faz a sua parte, mas como saber se a oficina seguiu todos os passos recomendados pela fábrica?
“O brasileiro não tem o hábito de ler o manual do automóvel, desconhecendo o plano de manutenção determinado pelo fabricante. Essa consulta é uma das primeiras ações para checar se os serviços foram feitos e se há itens desnecessários no orçamento”, diz o professor Marcelo Alves, do Centro de Engenharia Automotiva da Poli-USP
Alguns itens são de fácil verificação, como o óleo. Basta examinar a vareta de medição antes de levar o carro para a oficina, observando o nível e a cor do líquido. O procedimento deve ser repetido após a revisão, e a coloração do fluido novo deverá ser mais clara.
Ajustes mais complexos são difíceis de ser verificados visualmente e exigem ouvidos atentos. “O motorista deve rodar com o carro para detectar possíveis ruídos e sentir se a dirigibilidade está normal. Se notar algo diferente, o ideal é retornar imediatamente à oficina”, afirma Gerson Burin, coordenador técnico do Cesvi Brasil. SEM EXCESSOS O comerciante Luiz Ricardo Thuller do Prado, 54, é criterioso. Ele sempre realiza as revisões de seu Hyundai ix35 na concessionária, mas confere o manual de manutenção para ver quais são os tópicos realmente necessários.
“Anoto os itens que serão verificados e os que eu percebi que podem ter algum tipo de problema. Pego esse documento e colo no para-brisa do carro. Na retirada, verifico todos as peças que foram trocadas junto com o atendente da oficina”, diz.
Esse comportamento evita que serviços desnecessários sejam executados, aumentando o valor da revisão. As lojas podem até sugerir intervenções adicionais, mas não obrigar o cliente a fazer o reparo no estabelecimento.
Segundo o advogado Fabricio Sicchierolli Posocco, especialista em direito do consumidor, “condicionar o período de garantia à manutenção preventiva do veículo é uma prática que impede a livre concorrência e amarra o consumidor à rede autorizada”.
Mesmo que um problema detectado na revisão do veículo exija reparo imediato, o cliente tem o direito de pesquisar preços em outras concessionárias ou mesmo em oficinas independentes antes de realizar o serviço.
“O motorista deve checar o que está descrito no contrato da garantia. Se não houver restrições especificadas, o consumidor pode adquirir as peças recomendas pelo fabricante em outro estabelecimento e realizar a troca”, diz Posocco. TREINAMENTO Para evitar conflitos com seus clientes, as revendedoras de automóveis têm investido em treinamento de atendentes e mecânicos, além de vincular as boas práticas de atendimento aos ganhos extras por produtividade.
“Na lista de indicadores de desempenho dos integrantes da nossa equipe, há uma penalização prevista na remuneração variável se for comprovado que houve problemas no atendimento ao consumidor”, afirma Rogério Gonzaga, diretor de pós-venda do grupo Caoa.