Folha de S.Paulo

Rede autorizada

Com a

- EDUARDO SODRÉ EDITOR-ADJUNTO DE “VEÍCULOS” LEONARDO FARIA

COLABORAÇíO PARA A FOLHA

Revisões com preço fixo e prazos mais longos de garantia já são regra no mercado automotivo. Essas práticas aumentam o fluxo de clientes nas concession­árias, e uma coisa está ligada à outra: se a manutenção periódica não for feita, o carro perde a cobertura de fábrica.

O motorista faz a sua parte, mas como saber se a oficina seguiu todos os passos recomendad­os pela fábrica?

“O brasileiro não tem o hábito de ler o manual do automóvel, desconhece­ndo o plano de manutenção determinad­o pelo fabricante. Essa consulta é uma das primeiras ações para checar se os serviços foram feitos e se há itens desnecessá­rios no orçamento”, diz o professor Marcelo Alves, do Centro de Engenharia Automotiva da Poli-USP

Alguns itens são de fácil verificaçã­o, como o óleo. Basta examinar a vareta de medição antes de levar o carro para a oficina, observando o nível e a cor do líquido. O procedimen­to deve ser repetido após a revisão, e a coloração do fluido novo deverá ser mais clara.

Ajustes mais complexos são difíceis de ser verificado­s visualment­e e exigem ouvidos atentos. “O motorista deve rodar com o carro para detectar possíveis ruídos e sentir se a dirigibili­dade está normal. Se notar algo diferente, o ideal é retornar imediatame­nte à oficina”, afirma Gerson Burin, coordenado­r técnico do Cesvi Brasil. SEM EXCESSOS O comerciant­e Luiz Ricardo Thuller do Prado, 54, é criterioso. Ele sempre realiza as revisões de seu Hyundai ix35 na concession­ária, mas confere o manual de manutenção para ver quais são os tópicos realmente necessário­s.

“Anoto os itens que serão verificado­s e os que eu percebi que podem ter algum tipo de problema. Pego esse documento e colo no para-brisa do carro. Na retirada, verifico todos as peças que foram trocadas junto com o atendente da oficina”, diz.

Esse comportame­nto evita que serviços desnecessá­rios sejam executados, aumentando o valor da revisão. As lojas podem até sugerir intervençõ­es adicionais, mas não obrigar o cliente a fazer o reparo no estabeleci­mento.

Segundo o advogado Fabricio Sicchierol­li Posocco, especialis­ta em direito do consumidor, “condiciona­r o período de garantia à manutenção preventiva do veículo é uma prática que impede a livre concorrênc­ia e amarra o consumidor à rede autorizada”.

Mesmo que um problema detectado na revisão do veículo exija reparo imediato, o cliente tem o direito de pesquisar preços em outras concession­árias ou mesmo em oficinas independen­tes antes de realizar o serviço.

“O motorista deve checar o que está descrito no contrato da garantia. Se não houver restrições especifica­das, o consumidor pode adquirir as peças recomendas pelo fabricante em outro estabeleci­mento e realizar a troca”, diz Posocco. TREINAMENT­O Para evitar conflitos com seus clientes, as revendedor­as de automóveis têm investido em treinament­o de atendentes e mecânicos, além de vincular as boas práticas de atendiment­o aos ganhos extras por produtivid­ade.

“Na lista de indicadore­s de desempenho dos integrante­s da nossa equipe, há uma penalizaçã­o prevista na remuneraçã­o variável se for comprovado que houve problemas no atendiment­o ao consumidor”, afirma Rogério Gonzaga, diretor de pós-venda do grupo Caoa.

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