Capez, do PSDB, é acusado de elo com fraude em merenda
Diretores de cooperativa ligaram Capez a superfaturamento em 22 cidades
O presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB-SP), dois deputados federais, um estadual e um assessor da gestão Alckmin são apontados por cooperativa de Bebedouro (SP) como beneficiários de propina por merenda escolar. Os parlamentares negam. O assessor foi exonerado.
Além de presidente da Assembleia, escândalo envolve deputados e exassessor da Casa Civil de Geraldo Alckmin
Dirigentes de uma cooperativa de Bebedouro (230 km de São Paulo) apontaram o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez, dois deputados federais, um estadual e um alto assessor da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB) como beneficiários de um esquema de pagamento de propina em contratos superfaturados de merenda escolar.
De acordo com interceptações telefônicas cujo teor foi confirmado pelos próprios investigados, o esquema era alimentado por um sobrepreço que variava entre 10% e 30% de cada contrato de fornecimento de merenda. Estão sob suspeita compras realizadas nos últimos cinco anos em pelo menos 22 municípios do interior de São Paulo.
O caso veio à tona na última terça quando a Polícia Civil e o Ministério Público Federal deflagraram a operação Alba Branca, que realizou buscas na Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), de Bebedouro.
O delegado José Eduardo Vasconcelos não quis detalhar os nomes e atuação de cada político com foro.
Segundo ele, seis dirigentes da entidade detidos na terça colaboram com a investigação na perspectiva de firmar um acordo de delação premiada.
Além de Capez, os políticos acusados de receberem comissão nos contratos de merenda são os deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB) e o deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD). A informação foi publicada pelo site da revista “Veja” na quinta (21).
Capez não falou diretamente com os investigados nas interceptações, mas seu nome foi confirmado pelos dirigentes da cooperativa em depoimento.
O caso lança suspeitas sobre a secretaria da Casa Civil, núcleo da articulação política de Alckmin. A voz do exchefe de gabinete do secretário Edson Aparecido, Luiz Roberto dos Santos, o “Moita”, foi registrada em um gram- po, pedindo dinheiro a integrantes do que a polícia acredita ser uma quadrilha.
Moita foi demitido da Casa Civil na segunda (18), véspera da ação da polícia.
O nome da operação, “Alba Branca”, faz referência a espécie de cogumelos do norte da Itália, cujo quilo custa € 3.000 (R$ 13 mil), ironia com o superfaturamento.