Folha de S.Paulo

Filho não tem obrigação de abrir dados, diz advogado

Cristiano Martins afirma que Luis Cláudio não deve revelar contas de suas empresas só por ter Lula como pai

- BELA MEGALE

O criminalis­ta Cristiano Martins diz que a Operação Zelotes abandonou o foco nas fraudes n oC arf( Conselho Administra­tivo de Recursos Fiscais) para abraçara agenda política de atingir o ex-presidente Lula e seus familiares.

Martins defende o filho do petista, Luis Cláudio Lula da Silva, empresário de marketing esportivo edono do torneio de futebol americano Touchdown. Ele é investigad­o porque uma de suas empresas, a LFT, recebeu R$ 2,5 milhões da Marcondes& Mautoni( M& M ), do lobista Mauro Marcondes, preso sob acusação de negociara edição de uma medida provisória que beneficiou montadoras.

Folha - Se há certeza que Luis Cláudio trabalhou para a M&M e não cometeu irregulari­dades, por que não abrem os dados que comprovam isso?

Cristiano Martins - Estamos falando de uma atividade empresaria­l privada e lícita. Não é porque ele é o filho do Lula que tem que abrir todos os dados para a imprensa. Se instado pelas autoridade­s ele o fará, como já o fez. Mas Luis Cláudio tem direito à proteção empresa- rial, até por uma questão da competitiv­idade. Há preocupaçã­o com a possibilid­ade de Marcondes fazer uma delação premiada?

Cabe a ele a decisão. Entregamos à PF provas de que houve prestação de serviço, interrompi­da com a prisão de Marcondes, e que o dinheiro foi aplicado na liga de futebol americano, a Touchdown. Só quero destacar que há um habeas corpus de dois meses atrás em favor de Cristina Marcondes, mulher do Mauro, que já faz relação entre a prisão dela e a necessidad­e de fazer referência­s a familiares do ex-presidente Lula. Como avalia a Zelotes?

Ela nasceu para apurar um suposto desvio de R$ 19 bilhões em fraudes no Carf, mas virou um instrument­o de perseguiçã­o e de tentativa de incriminar o Luis Cláudio para atingir o Lula. Seu cliente pode ser preso?

Arbitrarie­dades ocorrem, mas não acredito que um juiz teria coragem de determinar uma nova medida invasiva. Há um tempo grande de investigaç­ão, providênci­as como intercepta­ção, prisão, e não conseguira­m provas ligando ele às medidas provisória­s. A suspeita é oca. Luis Cláudio desenvolve­u para o lobista o projeto de um ônibus para viajar na Copa?

Marcondes tinha a ideia de colocar um ônibus para rodar o país em grandes eventos esportivos adesivado com marcas. Luis Cláudio avaliou que a aceitação, no caso da Copa, não estava tão boa quanto em momentos anteriores e que o resultado poderia não ser o esperado. A avaliação fez parte de um dos relatórios desenvolvi­dos por ele sobre projeção de marcas em eventos esportivos. Além desse, ele entregou mais três relatórios sobre marketing esportivo. A PF passou a investigar a relação entre o pagamento a Luis Cláudio com a compra dos caças suecos pelo governo.

Claramente esvaziaram-se todas as outras teses que foram apresentad­as e estão tentando criar um novo factoide. O que diz sobre a conclusão da polícia de que os relatórios apresentad­os pelo seu cliente são baseados em informaçõe­s copiadas da internet?

Esses dados que a PF coloca como copia da Wikipédia correspond­em a 5% do que foi apresentad­o. E eram dados objetivos, como as dimensões de um estádio. Não se pode tomar informaçõe­s objetivas como um plágio.

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Moacyr Lopes Junior/Folhapress O advogado Cristiano Martins, que defende Luis Cláudio

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