Folha de S.Paulo

Premiê espanhol desiste de formar governo

Mariano Rajoy, do conservado­r PP, cede a liderança depois de ter seu nome rejeitado por partidos de esquerda

- DIOGO BERCITO

Impasse inédito no país pode abrir espaço ao socialista Pedro Sánchez, e Podemos indicaria vice-premiê

O premiê espanhol em exercício Mariano Rajoy desistiu nesta sexta-feira (22) da tentativa de formar o próximo governo do país. O rei Felipe 6º lhe havia oferecido a tarefa após encontros com membros de outros partidos.

O conservado­r PP (Partido Popular), do qual Rajoy é lí- der, recebeu a maior parte dos votos nas eleições de dezembro passado, mas não o suficiente para montar um governo sozinho.

O PP não conseguiu, nas últimas semanas, garantir um acordo com outras siglas. Rajoy não descarta ser novamente primeiro-ministro, mas ele diz não ter, agora, o apoio necessário para tal.

A sigla recebeu 123 cadeiras e precisa de 176 para formar governo. Sua tentativa provavelme­nte seria derrotada em voto no Congresso.

Rajoy reuniu-se com Felipe 6º por mais de uma hora nesta sexta. O monarca volta a se reunir com candidatos a partir de quarta-feira (27).

A recusa do premiê abre caminho para um governo liderado por Pedro Sánchez, líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol). Em uma aliança entre partidos de esquerda, Pablo Iglesias, líder do Podemos, poderia ser o vice-premiê do país. IMPASSE INÉDITO O impasse é inédito na Espanha. O país passa por um momento de transforma­ções históricas. Nas eleições de dezembro, o bipartidar­ismo afundou e viu emergir partidos como Podemos e Cidadãos, ambos derivados de movimentos da sociedade ci- vil insatisfei­ta com a condução do país. Os resultados ruins do PP nas urnas estão ligados a crises e a escândalos de corrupção.

A incerteza política incomoda vizinhos no bloco europeu, esperanços­os de que

MARIANO RAJOY

premiê espanhol a Espanha forme governo. Depois de anos de dificuldad­e, o país aos poucos deixa para trás a crise econômica, com previsão do Fundo Monetário Internacio­nal de cresciment­o de 2,7% em 2016.

Em conversa com a imprensa, após sua negativa, Rajoy criticou a possibilid­ade de um governo liderado pelo PSOE e incluindo o Podemos, que não seria “moderado nem centrado”.

Ele advertiu, ademais, que será difícil a esquerda governar diante da maioria de assentos que o PP controla hoje no Senado.

Há outras dificuldad­es envolvidas na formação de um governo do PSOE.

O Podemos anteriorme­nte havia estabeleci­do uma série de condições para participar de uma parceria, como uma consulta sobre a independên­cia catalã, um tema delicado para a política local.

Para ter a maioria no governo, seria preciso também aliar-se a partidos menores. O PSOE recebeu 90 cadeiras em dezembro.

O Podemos teve 69, se incluídos na conta os seus parceiros regionais.

O PP defende, como alternativ­a, a formação —por ora improvável— de uma aliança com PSOE e Cidadãos, somando assim 253 deputados.

“condições de liderar. Não só não tenho a maioria dos votos a favor como tenho maioria contra

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