Folha de S.Paulo

Credores da Sete receberão R$ 4,2 bilhões em garantias

Pagamento será feito por fundo, que se tornará credor da fornecedor­a de sondas da Petrobras; novo prazo com bancos vai até maio

- DE SÃO PAULO

Os bancos credores da empresa de sondas Sete Brasil fizeram uma jogada nesta sexta-feira (22) para pressionar os sócios da companhia a adiar a discussão de uma possível recuperaçã­o judicial.

Até a conclusão desta edição, estava prevista a assinatura de um acordo em que os bancos estenderia­m por mais quatro meses o prazo para que a Sete pague sua dívida de R$ 17 bilhões.

Esta será a sétima vez em que Banco do Brasil, FI-FGTS, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander, principais credores da Sete, darão mais tempo para a companhia quitar sua dívida.

A Folha apurou que, no entanto, duas condições foram impostas pelos credores. Uma delas foi o adiamento da discussão de um possível pedido de recuperaçã­o judicial. Outra foi a liberação do paga- mento das garantias previstas pelo FGCN (Fundo de Garantia para a Construção Naval). O valor a ser pago será de cerca de 30% do total das garantias dadas pela Sete, cerca de R$ 4,2 bilhões.

A expectativ­a dos credores, segundo pessoas próximas às negociaçõe­s, era que o fundo, administra­do pela Caixa Econômica, pague cada credor imediatame­nte após a assinatura do acordo. Mas, no final, o FGCN efetuará o pagamento ao longo dos quatro meses de vigência do novo acordo. Ao quitar essa pendência, o fundo ficará sem recursos (zerado) e passará a ser credor da Sete.

Os bancos já tinham executado as garantias dos empréstimo­s à Sete no ano passado. O FGCN deveria pagálas no início deste ano.

A execução funciona como uma espécie de seguro contra inadimplên­cia, e quem paga essa conta é a Caixa, que administra o FGCN. Caso a empresa entrasse em recuperaçã­o judicial, como queriam os sócios, essa conta não seria paga. Por isso, alguns credores teriam vetado a ideia. PACIÊNCIA Os bancos são tolerantes com a Sete porque boa parte também é sócia da empresa, que tenta encontrar uma saída para a crise.

Criada em 2010 a partir da ideia do governo e da Petrobras de terceiriza­r a construção de sondas para exploração do pré-sal, a Sete encomendar­ia sondas a estaleiros nacionais para fomentar a indústria local.

Por isso, a Petrobras até aceitou, no passado, pagar um pouco mais pelo aluguel das sondas. Mas o preço do petróleo caiu de US$ 100 para cerca de US$ 30. Além disso, a Sete foi envolvida na operação Lava Jato. (JULIO WIZIACK)

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Celso Pupo - 24.jul.2014/Fotoarena/Folhapress Estaleiro da Brasfels em Angra dos Reis (Rio); companhia é fornecedor­a da Sete Brasil

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