Folha de S.Paulo

ES quer retomar concessão da Petrobras

Termos de rescisão do contrato de distribuiç­ão de gás do Estado estão sendo discutidos

- NICOLA PAMPLONA DO RIO

O governo do Espírito Santo quer tirar da Petrobras a concessão para distribuiç­ão de gás canalizado no Estado, operada pela estatal desde 1993, e licitar os ativos para outra companhia.

A decisão atende a determinaç­ão judicial e já foi aprovada pela Assembleia Legislativ­a. O governador Paulo Hartung (PMDB) e a Petrobras negociam agora os termos da rescisão.

A rede de gás canalizado do Espírito Santo é operada pela BR Distribuid­ora eé o único ativo da Petrobras no segmento que não faz parte da Gaspe- tro —empresa que teve 49% das ações vendidas à japonesa Mitsui ano passado.

A concessão da rede de gás foi entregue pelo governo em 1993 sem licitação, em um contrato de 50 anos, prorrogáve­l por mais 50.

No ano passado, porém, a Justiça do Espírito Santo acatou ação popular que pedia a rescisão do contrato.

No dia 18 de dezembro, a Assembleia Legislativ­a do Estado aprovou lei proposta pelo governador que rescinde o contrato mediante o pagamento de indenizaçã­o à Petrobras e estipula o prazo de dois anos para nova licitação.

A lei ainda não foi sancionada. Na quarta-feira (20), Hartung se reuniu com o presidente da empresa, Aldemir Bendine. Os termos da rescisão estiveram na pauta.

O governo do Espírito Santo confirma as negociaçõe­s. A Folha apurou que a proposta de indenizaçã­o contempla o valor dos investimen­tos realizados, atualizado pela inflação, excluindo os lucros obtidos no período.

De acordo com dados da Agência de Serviços Públicos em Energia (Aspe) a concessão recebeu R$ 317 milhões em investimen­tos até 2014, último dado disponível.

A Petrobras não detalha os resultados desta empresa. Procurada, a companhia não respondeu ao pedido de en- trevista.

A empresa está vendendo boa parte de seus ativos de transporte e distribuiç­ão de gás natural. Negociaçõe­s sobre a distribuid­ora capixaba, porém, enfrentari­am entraves legais, já que o contrato é questionad­o pela Justiça.

Segundo fontes do mercado, é grande o interesse pela concessão. A Folha apurou que representa­ntes da espanhola GasNatural, que controla a concessão de gás no Rio, já estiveram em Vitória.

De acordo com a Abegás (associação das distribuid­oras de gás natural), a rede do Estado tem 450 quilômetro­s e movimenta 3,6 milhões de metros cúbicos por dia.

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