Folha de S.Paulo

Dedicação à psiquiatri­a e à política

- FERNANDA PEREIRA NEVES DE SÃO PAULO

João Baptista Breda estava à frente do seu tempo. É assim que os amigos o descrevem ao falar do pioneiro tratamento que dava a viciados, sua campanha antimanico­mial e da busca pela transparên­cia política —discurso que não era comum há 30 anos.

Nascido em Itapira (a 164 km de São Paulo), optou cedo pela medicina. Mas seu jeito conciliado­r, sempre dando conselho, acabou levando-o para a psiquiatri­a. “Ele gostava de cuidar, de ouvir. Fosse sobre problemas de saúde ou pessoais, ele estava lá”, diz o amigo Eugênio Puppo.

Foi para representa­r os médicos da região que Breda se elegeu deputado estadual pelo MDB, na década de 1970.

“Quando ele chegou, ninguém sabia como um jovem, vindo de Itapira, tinha sido eleito. Só depois soubemos do prestígio dele em sua cidade”, brinca Adriano Diogo.

Lutou pelas eleições diretas, criou a Delegacia da Mulher, foi cofundador do PT, chefe de gabinete do ex-senador Eduardo Suplicy e participou da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos.

Apesar dos assuntos sérios com que lidava, o fazia com leveza e nunca perdia o bom humor. Com sua gargalhada forte, parecia sempre feliz.

Gostava de filmes, séries e viagens. Puppo conta que, em um desses passeios, Breda conheceu Albert Camus, sem saber que era o escritor.

Sem mulher ou filho, mantinha uma relação próxima com a família e com a cidade de Itapira. “Era a terra dele, onde tudo começou”, diz a prima Maria Cecília Franco.

Morreu no dia 22, aos 78 anos, após insuficiên­cia cardíaca. Deixa três sobrinhas, primas e muitos amigos. coluna.obituario@grupofolha.com.br

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