Folha de S.Paulo

Dupla reúne voz e guitarra ‘para adultos’

Edgard Scandurra e Silvia Tape apresentam hoje no Sesc Belenzinho canções serenas do seu álbum recém-lançado

- THALES DE MENEZES

Músico do Ira! retoma no projeto vontade antiga de fazer um som suave, que troca distorções por baladas e algum trip hop

Edgard Scandurra sempre foi um músico aberto a projetos em colaboraçõ­es. O guitarrist­a do Ira! apresenta neste sábado (23) o mais recente, ao lado da cantora Silvia Tape.

O show no Sesc Belenzinho vai mostrar as canções serenas de “EST”, o álbum recémlança­do. Ainda um disco de rock, mas com um pegada low-fi, tranquila. Talvez um jeito de fazer rock “adulto”?

“Acho essa definição bacana”, diz Scandurra à Folha, dando entrevista em casa. “Nesse tempo de Ira!, o público se mantém na mesma faixa etária, vai se renovando, é música para adolescent­e. Mas a vivência da gente influi, você começa a procurar uma coisa para a sua idade.”

A atmosfera do álbum muda de intensidad­e, da balada ao trip hop. Algo que vai de Serge Gainsbourg —fixação de Scandurra— a Portishead.

As músicas nasceram em dias na praia. Na maioria das vezes, o guitarrist­a trabalhava as melodias, depois passava para Silvia colocar letras.

“Para criar um disco assim só mesmo fora de São Paulo”, diz Scandurra, apontando para a janela do apartament­o, que deixa entrar a barulheira de uma esquina movimentad­as da Vila Madalena.

Na praia, tudo foi gravado direto no microfone, com o aplicativo GarageBand. Os re- gistros iniciais têm barulhos de chuva, cachorros e crianças, e um assobio de Silvia que caminhava por perto —e que entrou no disco.

“Sabia que seria um caminho mais suave, algo que deixei parado desde os tempos do Smack”, explica Scandurra, referindo-se a uma das muitas bandas das quais participou nos anos 1980, antes que o Ira! fizesse sucesso.

A lista de colaboraçõ­es simultânea­s na época é longa e inclui Smack, Ultraje a Rigor, Voluntário­s da Pátria e Mercenária­s. A última é um elo entre Scandurra e Silvia. Ele tocava bateria na banda há 30 anos; hoje ela é vocalista em sua versão rediviva.

A dupla tem afinidade musical. “Ela conhecia até o Solano Star, projeto meu meio maldito com um disco só”, conta ele. “Eu ouvia lá em Pi- racicaba (SP)”, emenda Silvia.

A cantora fala do repertório do show. “Tocamos o disco, uma música nova, um cover do David Lynch e uma do meu trabalho solo.” A banda terá Lucinha Turnbull, figurinha carimbada do rock nacional desde os anos 1970, que canta e toca guitarra.

O grupo se completa com Carlinhos Mazzoni (bateria), André Lima (teclados) e, no baixo, Thadeu Meneghini, do Vespas Mandarinas.

O álbum “EST” pode ser baixado gratuitame­nte no site www.tapescandu­rra.com.

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Eduardo Anizelli/Folhapress Silvia e Scandurra na sacada do apartament­o do guitarrist­a

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