Folha de S.Paulo

tua pele, tua luz, tua juba

‘Viúvas’, leoas precisam esperar longo processo até um novo leão chegar ao zoológico de São Paulo

- BRUNO MOLINERO DE SÃO PAULO

A área dos leões no zoológico de São Paulo vive um drama. Desde novembro, quando Barroso morreu de velhice, as viúvas Nina e Ruge não podem mais se encontrar, sob o risco de acontecer a maior pancadaria. Pior para Nina. A calma leoa, que chegou ao zoo em 2000, vinda de um circo, teve as garras arrancadas quando era jovem. Sem as unhas, não consegue fazer frente à fúria de Ruge, que nasceu ali ao lado, no antigo Simba Safari, e sempre teve fama de nervosinha —suas brigas lhe renderam cicatrizes e uma orelha machucada. Como só Barroso conseguia fazer com que elas não se atacassem, hoje é preciso montar um esquema de segurança: enquanto uma fica exposta ao público, a outra repousa em um ambiente interno. No dia seguinte, elas trocam. Desde a morte do leão, que tinha 15 anos, o zoológico de São Paulo não tem mais machos da espécie. Mas como zoológico sem leão é como cinema sem pipoca, a instituiçã­o está atrás de um novo felino. Um, não: quatro. A ideia é trazer dois casais, ou seja, dois leões e duas leoas jovens, de no máximo um ano de idade cada um. Os biólogos esperam que os casais gerem filhotes. Você pode ter pensado: “Por que a Nina e a Ruge

não tiveram leõezinhos com o Barroso?” Acontece que eles já eram velhinhos, o que torna isso mais difícil. Um leão vive geralmente 15 anos na natureza, idade com a qual Barroso morreu. As leoas já têm pelo menos 16 anos cada uma. Só que trazer um novo leão é difícil. É preciso encontrar um bicho disponível e transportá-lo (saiba ao lado como isso acontece). Além disso, não é bom que os animais sejam parentes, pois seus filhotes podem nascer com problemas de saúde. O zoo de São Paulo até encontrou felinos no México, mas eram todos da mesma família. A busca continua e não tem data para acabar. Enquanto os novos moradores não chegam, Nina e Ruge esperam um companheir­o para desentrist­ecer seus corações tão sós —e compartilh­ar os quase 100 kg de carne que podem comer todos os meses. Até lá, o zoo segue sem juba.

COMO TER UM LEÃO

Saiba como zoos recebem bichos de outros lugares

DE ONDE VÊM?

Podem vir de zoológicos do Brasil ou de outros países. Ou mesmo da natureza —geralmente filhotes cujos pais morreram e, como não podem voltar sozinhos ao ambiente natural, são encaminhad­os a diferentes instituiçõ­es.

QUALQUER UM SERVE?

O ideal é que o animal não seja parente (irmão, primo etc.) dos bichos que já vivem no zoológico. Isso porque, quando parentes se reproduzem, o risco de as crias terem problemas de saúde é grande.

TEM QUE PAGAR?

Os animais podem ser comprados de instituiçõ­es particular­es, mas o mais comum no Brasil são as trocas. Quando os bichos vêm da natureza, são os governos que fazem essa negociação.

COMO TRAZER?

Se o novo animal estava em outra cidade do Brasil, geralmente é transporta­do de caminhão ou de carro (depende do tamanho). Se vem de outro país, viaja de avião ou navio — mesmo elefantes ou girafas!

A JUBA DO LEÃO

A caracterís­tica mais marcante que diferencia o leão da leoa é a juba. Só os machos têm essa cabeleira, que nasce por causa de um hormônio que as fêmeas não têm. Se o leão para de produzi-lo, a juba inteira pode cair.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil