Folha de S.Paulo

O pedido estava sob responsabi­lidade da ministra do STF Rosa Weber.

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DE BRASÍLIA

O ex-presidente Lula disse que as cúpulas dos poderes Judiciário e Legislativ­o estão “acovardada­s” e atacou o que chama de “República de Curitiba” ao criticar a Operação Lava Jato em conversa com a presidente da República Dilma Rousseff grampeada pela Polícia Federal.

Logo após prestar depoimento à PF na 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada no último dia 4, Lula recebeu ligação de Dilma.

Em seguida, Lula atacou a postura dos tribunais superiores e dos congressis­tas em relação à Lava Jato.

“Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um parlamento totalmente acovardado. Somente nos últimos tempos é que o PT e o PC do B começaram a acordar e brigar”, afirmou o ex-presidente.

“Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido, não sei quantos parlamenta­res ameaçados. E fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e vai todo mundo se salvar”, continua Lula.

O ex-presidente criticou o juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, que conduz os processos da Lava Jato na primeira instância. “Estou sinceramen­te assustado com a República de Curitiba. Porque a partir de um juiz da primeira instância tudo pode acontecer nesse país. Tudo pode acontecer.”

Ele voltou a reclamar da ação da PF autorizada pelo juiz. “Se os canalhas tivessem mandado um ofício, eu teria ido prestar depoimento, como já fui três vezes à Brasília prestar depoimento”, afirma.

“O Moro quis fazer um espetáculo antes da decisão daquele negócio que está no Supremo para decidir. Ele precisava fazer um espetáculo de pirotecnia”, continuou o petista na conversa.

Nesse trecho, Lula fez alusão a um pedido da defesa de Lula no STF (Supremo Tribunal Federal) para que todas as investigaç­ões sobre o sítio em Atibaia (SP) e o tríplex em Guarujá (SP) fossem reunidas em um só inquérito. MINISTRA No final da ligação, Lula indicou querer uma atuação de Dilma e do então ministro chefe da Casa Civil Jaques Wagner junto a Rosa Weber no momento em que a magistrada estava para decidir sobre o curso das investigaç­ões contra o ex-presidente.

Depois de conversar com Dilma, o ex-presidente passou a falar com Wagner e afirmou: “Eu queria que você visse agora, falar com ela, já que ela está aí, falar com ela o negócio da Rosa Weber. Está na mão dela para decidir. Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram”. ACERVO DA PRESIDÊNCI­A Em outra gravação intercepta­da pela PF, o ex-presidente pediu ao advogado Sigmaringa Seixas, próximo ao PT, que conversass­e com o procurador-geral da República Rodrigo Janot sobre as investigaç­ões contra ele.

Na conversa, Lula pede que o advogado diga a Janot que ele quer doar todos os itens adquiridos durante a Presidênci­a ao Ministério Público.

“Como ele aceitou um pedido de um cara lá de Manaus pra investigar as coisas que eu ganhei, pergunta pra ele se no Ministério Público tiver um lugar eu mando tudo pra lá. Pra eles tomarem conta, porque eu não tenho nenhum interesse de ficar com isso”, afirmou o ex-presidente.

Lula também se queixa das investigaç­ões sobre os pagamentos de empreiteir­as para manutenção do acervo.

“O favelado não pode me dar dinheiro pra guardar aquilo. Os sindicatos não podem dar. Quem pode me dar é [sic] os empresário­s. Eles estão criminaliz­ando os empresário­s. A Dilma devia fazer uma Medida Provisória me dando dinheiro, não vai dar. Sabe, devia desocupar aquela porra de sede deles [da Procurador­ia-Geral da República] com aquela quantidade de vidro fumê”, desabafou.

Ele levanta suspeitas de que as próprias empreiteir­as investigad­as na Lava Jato poderiam ter construído a sede da Procurador­ia: “Eu acho que foi até uma empresa da Lava Jato que fez aquela sede”.

Ao citar o assunto, o ex-presidente pede que Sigmaringa faça um levantamen­to sobre quais empresas construíra­m a o local. (AGUIRRE TALENTO, DIMMI AMORA,FLÁVIOFERR­EIRA,GABRIELMAS­CARENHAS, LEANDRO COLON)

Lula: Alô

Lula: Fala querida. Ahn. Dilma: Seguinte, eu tô mandando o “Messias” [Jorge Rodrigo Araújo Messias, subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil] junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidad­e, que é o termo de posse, tá? Lula: Tá bom. Eu tô aqui. Fico aguardando.

Dilma: Tá

Lula: Tá bom.

Dilma: Tchau

Lula: Tchau, querida. Lula: Sabe? Eu acho que eles estão sendo filhos da p. demais.

Barbosa: Tá. Guimarães - Ele tá completame­nte ilhado ali dentro, tem uma base forte, segurando o processo dele que não tem como se resolver por menos de 90, 120 dias, porque ele tem instrument­os regimentai­s para segurar tudo. A única pessoa que ele ainda conversa para estabelece­r alguma pauta é comigo, mas muito atritado. Ele está numa situação, na dele. Matérias complicada­s, porque a oposição está em obstrução total, e ele não quer evidenteme­nte a Câmara em obstrução, quer botar matéria, e nessas matérias entram todas que prejudica o país e o governo. A nossa preocupaçã­o tem sido com alguns líderes para montar aquele panorama de votos para evitar qualquer tentativa de impeachmen­t no futuro, essa é minha preocupaçã­o, tenho trabalhado muito isso. Lula - Mas veja, eu vou pensar ainda hoje, amanhã, vou ligar pra ela, e talvez a semana que vem vá a Brasília conversar com ela. Vou querer reunir a bancada para ouvir a bancada. Guimarães - E eu reúno todos eles da base contigo, se você quiser. Tamo aqui na luta. Lula - Tá bom, querido. Tenha um bom fim de semana. mil. O Aleluia foi falar, tomou uma vai da porra, e ninguém mais quis falar. Na verdade generalizo­u porque é uma manifestaç­ão contra a política. Lula: Acho que essa é a pedra. Acabei de [inaudível] com o Mino Carta aqui, para ele escrever um artigo mostrando que teve duas coisas: primeiro a vontade das pessoas que o combate a corrupção continue, e o Moro representa isso fortemente. Segundo, que a negação política é total. E o resultado disso, você sabe o que é? Wagner: Lógico, o caminho pro autoritari­smo. Lula: E aqui em SP ninguém conseguiu falar dos dirigentes, Marta, Aécio. A Marta teve que se trancar na Fiesp. Foi chamada de p., vagabunda, vira-casaca.

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