Folha de S.Paulo

Hotel da depressão

Profission­ais que viajam muito sentem melancolia ao entrar sozinhos em quartos, mesmo os que estão perfeitame­nte arrumados; eles dizem como manter a sanidade nas viagens

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caminhando em círculos e me perguntand­o o que fazer.”

Nos últimos anos, as melhores cadeias de hotéis incrementa­ram seu design, acrescenta­ram comodidade­s como spas e academias e têm se esforçado para oferecer o mesmo tipo de experiênci­a em todas as suas unidades. Paradoxalm­ente, porém, o luxo pode reforçar a sensação de vazio.

“Você viaja de primeira classe, tem atendiment­o preferenci­al no balcão da locadora de automóveis, usa a fila do cartão ‘platinum’ para o check-in no hotel, mas termina no mesmo quarto solitário”, diz Jackson. “Não importa o quanto você tente impor ordem, terá de encarar o fato de que escolheu uma vida seminômade.”

Como os viajantes de negócios experiente­s enfrentam o problema? Bill McGowan, 55, fundador do Clarity Media Group, diz que minimiza o tempo que passa dentro do quarto (apenas desfaz as malas, toma banho e dorme).

Ele não usa o serviço de quarto. Em vez disso, recorre a aplicativo­s para localizar restaurant­es com um bar animado, nos quais possa se acomodar para um jantar —e onde volta a comer em viagens posteriore­s à mesma cidade.

Criar uma rotina pode trazer conforto, na visão de McGowan. Ele reserva sempre os mesmos hotéis nas mesmas cidades. “É tão familiar que é quase como uma segunda casa”, diz. “Nunca tenho aquela sensação horrível ao abrir a porta.”

Sarah Cloninger, 35, que trabalha com treinament­o empresaria­l, diz que o combate à depressão de hotel começa já no planejamen­to da viagem. Ela se organiza para passar o mínimo possível de tempo longe do marido e dos três filhos. E tenta reservar hotéis no centro das cidades que visita, perto de restaurant­es e lojas.

“É mais fácil se chatear se você estiver em um Hampton Inn no meio do nada”, diz.

PAULO MIGLIACCI

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