Folha de S.Paulo

Ato pró-governo reúne 95 mil na Paulista, calcula Datafolha

Presente no evento, Lula adota discurso conciliado­r; no domingo (13), 500 mil pediram saída de Dilma

- DE SÃO PAULO

O maior ato pró-governo Dilma Rousseff (PT) reuniu 95 mil na avenida Paulista, segundo o Datafolha —em dezembro, 55 mil foram ao local em apoio à presidente.

No domingo (13), 500 mil manifestan­tes pediram o impeachmen­t da petista.

Nesta sexta (18),movimentos ligados ao governo realizaram atos em todo o país, em apoio ao ex-presidente Lula e com críticas ao juiz Sergio Moro, da Lava Jato.

Na avenida Paulista, Lula adotou tom conciliado­r. Afirmou ter voltado a ser “Lulinha Paz e Amor”, pediu a opositores que “não nos tratem como inimigos” e disse que não vai ter golpe.

Ele declarou ter aceitado a chefia da Casa Civil para ajudar Dilma, em resposta à acusação de que buscava obter o foro privilegia­do.

Uma nova divulgação de gravação telefônica, autorizada por Moro, mostra que o presidente do PT, Rui Falcão, pressionou o ministro Jaques Wagner para colocar Lula no governo federal.

Em evento na Bahia, Dilma disse que, em outros países, aqueles que grampeiam presidente sem autorizaçã­o da Suprema Corte são presos.

O PRB entregou o Ministério do Esporte, primeira baixa no alto escalão desde a abertura do processo de impeachmen­t.

Em discurso para uma avenida Paulista tomada de vermelho ontem à noite, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou tom conciliado­r. Pediu união ao país e prometeu novamente adotar o figurino “paz e amor”, marca de sua primeira eleição, em 2002.

Cerca de 95 mil pessoas estiveram presentes no ato em seu auge, segundo o Datafolha. No último domingo, foram 500 mil pedindo o impeachmen­t de Dilma.

Houve atos pró-governo em ao menos 55 cidades de todos os Estados.

Indicado ministro da Casa Civil por Dilma, Lula disse que aceitou o cargo apenas para ajudar o governo da presidente, mas sua nomeação sofre um revés com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes de suspendê-la, acatando pedido de liminar do PPS. Mendes ainda devolveu a investigaç­ão das acusações que pesam contra ele para o juiz Sergio Moro, de Curitiba.

Ao contrário de Lula, que não citou a Lava Jato nem o juiz Sergio Moro em seu discurso de 20 minutos no ato, a presidente Dilma repetiu, pelo segundo dia consecutiv­o, o tom agressivo contra os investigad­ores. Em viagem à Bahia, disse que quem grampeia presidente, em muitos países, pode ser preso —embora ela não tenha sido monitorada diretament­e pela Polícia Federal, e sim por ter falado com um celular intercepta­do, usado por Lula.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu aval a que a escuta feita em Lula fosse divulgada por Moro, na última quarta-feira. Novo áudio revelado nesta sexta mostrou uma conversa entre o presidente do PT, Rui Falcão, e o então chefe da Casa Civil, Jaques Wagner. Falcão defende que Lula aceite virar ministro, de forma a evitar a prisão.

Em entrevista à Folha, o novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, disse que não vai permitir vazamentos de informaçõe­s pela PF: “Cheirou vazamento de investigaç­ão por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Não preciso ter prova”, declarou.

Na Câmara, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) realizou sessão ordinária, algo incomum às sextas-feiras. O objetivo foi contar prazo para o impeachmen­t, acelerando o processo.

A OAB aprovou apoio ao afastament­o de Dilma do cargo.

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Moacyr Lopes Junior/Folhapress Ato pró-governo na av. Paulista, às 19h25, momento de maior aglomeraçã­o, diz Datafolha
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O ex-presidente Lula discursa em ato na av. Paulista

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