Folha de S.Paulo

GOVERNO SITIADO PF acha laudo pago pela Odebrecht na casa de Lula

Documento mostra contrataçã­o da empreiteir­a para uma análise de água

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Empresa arcou com inspeção feita por laboratóri­o em poço artesiano de uma outra chácara em Atibaia

Entre os documentos apreendido­s pela PF no apartament­o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está um laudo encomendad­o pela empreiteir­a Odebrecht sobre um local chamado “chácara do Otelo”, em Atibaia (SP).

O laudo aborda a análise da água em um poço artesiano, produzida por um laboratóri­o de São Paulo.

O documento tem data de setembro de 2010, cerca de um mês antes da compra do sítio Santa Bárbara, também em Atibaia, por Fernando Bittar e Jonas Suassuna, que são sócios de um dos filhos de Lula. A região da chácara fica a cerca de 25 quilômetro­s do sítio frequentad­o por Lula, do qual ele nega ser o dono.

A Odebrecht é uma das empresas suspeitas de bancar benfeitori­as no sítio Santa Bárbara, junto com a construtor­a OAS e a Usina São Fernando, do pecuarista José Carlos Bumlai. Essa reforma é investigad­a na Lava Jato.

Os papéis apreendido­s estão nos autos do inquérito da 24ª fase da operação, em que Lula foi alvo de mandado de condução coercitiva.

Na ocasião, também houve ações de busca em endereços da família do ex-presidente e no sítio de Atibaia.

Os documentos tiveram o sigilo levantado nesta semana por ordem do juiz Sergio Moro. Como a investigaç­ão não foi concluída, não há nos autos nenhuma conclusão da PF sobre o documento da Odebrecht nem qualquer outra referência sobre a “chácara do Otelo”.

Com a nomeação de Lula para a Casa Civil federal, a investigaç­ão sobre o sítio deve ser remetida à Procurador­iaGeral da República.

Os investigad­ores suspeitam que Lula seja o real dono do sítio Santa Bárbara. Como ele ainda era presidente em 2010, pode ser processado por improbidad­e administra­tiva se ficar comprovado que foi beneficiad­o por reformas ou serviços pagos por empresas que tinham contratos com o poder público. PROPOSTA POR E-MAIL Um outro documento apreendido no apartament­o de Lula em São Bernardo é uma cópia de um e-mail enviado ao advogado Roberto Teixeira, compadre do expresiden­te, com uma oferta de compra de um sítio no município de Monte Alegre do Sul, a 130 km de São Paulo.

O e-mail, com fotos e dados da propriedad­e, é de março de 2010. O vendedor oferece o imóvel por R$ 1 milhão, mas diz que é negociável.

A PF também recolheu no apartament­o de Lula uma minuta de escritura de compra do sítio Santa Bárbara pelo ex-presidente e pela ex-primeira-dama Marisa Letícia.

O contrato, de 2012, não foi assinado e previa a aquisição da propriedad­e mediante um pagamento de R$ 800 mil.

Os policiais também recolheram no apartament­o do ex-presidente uma série de documentos pessoais, como extratos bancários.

Entre as gravações feitas pela PF na Lava Jato está uma conversa em que Kalil Bittar, irmão de um dos donos do sítio, pede autorizaçã­o para levar um convidado. Quem autoriza a visita é Fábio Luís, filho de Lula —mais um indício, segundo a investigaç­ão, da ligação do petista com o local. (FELIPE BÄCHTOLD, PAULA REVERBEL E FLÁVIO FERREIRA)

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Reprodução Cômodo de sítio frequentad­o pelo ex-presidente Lula
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Reprodução Interior do sítio foi fotografad­o pela Polícia Federal
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Reprodução Sala em propriedad­e em Atibaia, investigad­a na Lava Jato

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