Folha de S.Paulo

Em Jundiaí, pesquisa vê zika em 82% das grávidas

- GABRIEL ALVES

Dado deve ser visto com cautela, dizem cientistas

O resultado preliminar de uma pesquisa realizada no Hospital Universitá­rio de Jundiaí (SP) indicou a presença do vírus da zika em 82% das grávidas de um grupo que não apresentav­a qualquer sintoma da doença.

A proposta é acompanhar as mulheres para entender a evolução da doença e calcular os riscos de complicaçõ­es, como a microcefal­ia no feto. O vírus foi encontrado em 40 de 49 gestantes examinadas.

O estudo começou há 19 dias e os resultados devem ser vistos com cautela, alerta o coordenado­r Saulo Duarte, professor titular da Faculdade de Medicina de Jundiaí.

As análises foram feitas em parceria com a USP e, dado o índice de infecção, ainda serão repetidas para decidir se haverá mudança no estudo.

Osdadosfor­amanunciad­os nesta sexta (18), em um simpósio sobre zika na capital.

Também deve ser levado em conta que o grupo examinado é composto por mulheres em alto risco gestaciona­l. Não se sabe se o vírus pode agir de forma diferente nelas.

Os diagnóstic­os foram feitos com exames de PCR, bastante sensíveis e que detectam a infecção aguda.

Os filhos das gestantes, mesmo que saudáveis, serão acompanhad­os até os 3 anos de idade, quando o cérebro já está mais desenvolvi­do.

Duarte afirma que nos últimos dias observou três casos de recém-nascidos com perímetro cefálico de cerca de 21 cm, o que pode indicar casos de microcefal­ia.

Os diagnóstic­os ainda precisar ser confirmado­s por exames de imagem. Oficialmen­te, não há casos na cidade.

A Secretaria de Saúde de Jundiaí e a Secretaria Estadual da Saúde disseram que não comentaria­m o estudo porque não tiveram acesso a ele.

Maurício Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), que conduz estudo semelhante, avalia que ainda é cedo para tirar conclusões.

Após 30 anos de epidemias de dengue, o índice médio de prevalênci­a da doença fica na casa dos 50% na região.

“Na pior das hipóteses, a gente imaginava que o zika se igualasse a isso”, diz.

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