Folha de S.Paulo

FOLHA DADOS País se afasta de meta de mortes no trânsito

Revisão de dados do governo federal de 2014 aponta alta de 2% —em vez da queda de 5%— do número de fatalidade­s

- ANDRÉ MONTEIRO

Com o novo resultado, Brasil fica mais longe de atingir objetivo com que se compromete­u na ONU até 2020

O Brasil está mais longe de cumprir a sua meta de redução de mortes em acidentes de trânsito. Uma revisão de dados do governo federal aponta que, ao contrário do que estatístic­as preliminar­es mostravam, o número de fatalidade­s cresceu em 2014 —o último ano disponível.

Os primeiros dados coletados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) indicavam uma redução de 5% nas mortes em um ano, mas a revisão mostrou que ocorreu, na realidade, um aumento de 2%.

Foram incluídas na nova conta oficial 2.781 vítimas que antes não estavam no banco de dados ou que tinham causa de morte diferente ou desconheci­da. Dessa forma, as mortes no trânsito passaram de 42.266 em 2013 para 43.075 em 2014.

A revisão dos dados preliminar­es é praxe no SUS, e há possibilid­ade de que os dados finais, a serem consolidad­os nos próximos meses, revelem uma alta ainda maior.

De acordo com o Observatór­io Nacional de Segurança Viária, a alta preocupa porque representa ruptura na sequência de redução da violência no trânsito. De 2012 para 2013, sob o impacto da mudança que deixou a lei seca mais rigorosa, as mortes caíram 6%.

Com o novo resultado, o país fica mais longe de atingir a meta com a qual se compromete­u perante a ONU: cortar a projeção de óbitos pela metade até 2020. Para se manter nos trilhos, o número de mortes em 2014 deveria ter ficado abaixo dos 40 mil.

“O Brasil mostra uma inversão nos avanços que já eram pequenos”, afirma José Aurélio Ramalho, presidente do observatór­io.

Nos Estados, o aumento mais significat­ivo foi no Tocantins (13%). Por outro lado, Sergipe teve a queda mais expressiva, de 20%. Em São Paulo o número subiu 7%.

Em relação aos modos de transporte, os resultados mais positivos de segurança viária ficaram centrados nos pedestres e ciclistas, que tiveram redução de mortes de 4,5% e 2,6%, respectiva­mente.

O aumento mais acentuado foi atribuído aos ocupantes de ônibus, para os quais o número de mortes cresceu 32% de 2013 para 2014, seguidos dos ocupantes de motociclet­a (2,3%) e automóveis (1,3%). CRISE Indicadore­s apontam que em 2015 as mortes no trânsito podem voltar a recuar. A crise econômica, que reduz a quantidade de viagens, é citada por especialis­tas como um dos principais motivos.

Os dados nacionais do Dpvat (seguro obrigatóri­o) indicam que houve queda de 19% nas indenizaçõ­es pagas por mortes em acidentes viários.

Na cidade e no Estado de São Paulo, as estatístic­as também apontam reduções significat­ivas no número de óbitos no ano passado.

Segundo balanço da Secretaria da Segurança Pública, que considera os dados de boletins de ocorrência, o número de mortes caiu 27% na capital e 20% no Estado. Na capital, segundo a apuração da CET, as mortes caíram 21% de janeiro a novembro ante período equivalent­e em 2014. Prefeitura e Estado atribuem os dados a ações como redução dos limites de velocidade e investimen­tos em rodovias. Revisão dos dados do SUS

Em dez.15

Em mar.16

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil