Menino de 14 anos é esfaqueado a caminho da escola no litoral
Garoto morreu; polícia diz que crime em São Vicente foi ‘atípico’
Vítima de um sequestro-relâmpago junto com a namorada nas imediações do shopping Eldorado (zona oeste de São Paulo), um estudante de 18 anos lutou com os criminosos dentro do carro e acabou matando um deles na noite de quinta-feira (17), na marginal Pinheiros, próximo à ponte do Morumbi (zona sul).
Rodrigo e a namorada, Daniela (a polícia não forneceu os sobrenomes), foram abordados por dois assaltantes por volta das 21h30, enquanto ele estacionava seu carro próximo ao shopping.
Depois do anúncio do assalto, um dos bandidos assumiu a direção do veículo e mandou Daniela se sentar no banco do carona. Rodrigo ficou no banco de trás, sob a mira de um revólver calibre 38 do outro assaltante.
O casal teve que entregar os cartões de banco e as respectivas senhas para os dois homens, que os repassaram para um terceiro criminoso, que saiu de moto do local.
Eles foram conduzidos pela marginal Pinheiros no sentido de Santo Amaro, na zona sul da capital paulista. REAÇÃO Com os cartões do banco e as senhas de posse de um dos bandidos, Rodrigo decidiu reagir. Segundo contou à polícia, temia que ele e a namorada fossem assassinados.
Quando estavam sob a ponte do Morumbi, a cerca de oito quilômetros de onde se tornaram reféns, enfrentou o assaltante que estava com ele no banco de trás, entrando em uma luta corporal.
O criminoso que dirigia acabou parando o veículo no meio da pista. Neste momento, Daniela saiu do carro correndo pelas faixas expressas da marginal Pinheiros.
Durante a luta, Rodrigo foi bastante agredido no rosto, mas conseguiu tomar a arma do assaltante e efetuou um disparo na direção dele. A bala atingiu o bandido no antebraço, passando pelo tórax e saindo pelo vidro do carona.
Os dois assaltantes saíram do carro na direção da ciclovia que fica embaixo da ponte. O que foi atingido caiu a poucos metros dali e morreu no local. O outro escapou.
O terceiro, que estava com os cartões e as senhas do casal, fez saques e compras no valor de R$ 3.000. O último gasto foi de R$ 40 em um posto de gasolina na região do 34º DP, na Vila Sônia. LEGÍTIMA DEFESA O caso foi registrado no boletim de ocorrência como legítima defesa. Os outros dois assaltantes não haviam sido presos até a conclusão desta edição, segundo a Secretaria de Segurança Pública.
Daniela não sofreu ferimentos. Rodrigo foi levado para um hospital em Santo Amaro por causa dos ferimentos no rosto. O estudante teve o nariz fraturado e recebeu alta nesta sexta (18).
FOLHA,
Um estudante de 14 anos foi morto por dois ladrões, na quinta-feira (17), quando caminhava com um amigo a caminho da escola.
Allan Abadia Bispo foi esfaqueado por dois homens de bicicleta no bairro do Catiapoã, em São Vicente, na Baixada Santista. A polícia já interrogou seis suspeitos, mas ninguém foi preso. Um retrato falado foi produzido.
“O amigo dele ainda não reconheceu nenhum dos suspeitos que trouxemos. O menino está abalado e não consegue mais dormir”, contou à Folha um dos investigadores do município, Adilson Peres.
Allan, de acordo com o boletim de ocorrência, foi encontrado ainda com vida pelos policiais. Ele morreu pouco depois de chegar ao hospital.
Segundo o registro policial, os dois meninos correram ao perceber a tentativa de assalto. O primeiro conseguiu fugir, mas Allan, que tropeçou, acabou sendo esfaqueado. Segundo os policiais, ele não tinha nada de valor.
O jovem foi velado e enterrado nesta sexta-feira (18). À tarde, familiares e amigos fizeram uma passeata pelas imediações da Escola Municipal de Ensino Fundamental Carolina Dantas, onde o garoto cursava o 9º ano.
Os pais de Allan questio- naram a demora para o socorro. “O resgate demorou muito para chegar. Ele perdeu muito sangue e chegou [ao hospital] sem vida. A médica tentou reanimar por 50 minutos e chorou por ele ter perdido a vida”, disse a mãe, Rosângela Abadia Bispo.
A Folha contatou a assessoria da Secretaria de Saúde do município, mas não obteve resposta sobre o caso até a conclusão desta edição.
Para o investigador Adilson Peres, o crime foi “atípico” para a região. “É uma região de índices dentro de uma normalidade. Essa questão foi atípica”, disse Peres. “Estão todos impressionados e revoltados com tudo isso o que aconteceu.”