CRÍTICA ‘Botchan’ nos leva com crueza à vida de professor desajustado
Livro de Natsume Soseki percorre terreno acidentado das relações humanas
FOLHA
Um ano depois de ter publicado as opiniões satíricas de um felino a respeito dos homens em “Eu Sou um Gato” (1905), o escritor japonês Natsume Soseki (1867-1916) atacou em outra frente, mas sem perder o humor.
“Botchan” é hoje tão clássico quanto “Eu Sou um Gato”, e trata, em tintas gerais, da velha oposição entre cidade grande e cidade pequena.
Botchan é um professor de matemática de 23 anos que vai dar aulas em uma aldeia na ilha de Shikoku.
Ele não é exatamente um rapaz feito para o convívio social. Na verdade, ele é um osso duro de roer: passara os três anos anteriores isolado dentro de um quarto de “quatro tatames e meio”.
O choque do contato com os adolescentes do interior é enorme, e nada aplaca a sua fome ou ameniza o seu sotaque de Tóquio, uma provocação para os ouvidos não cosmopolitas. SALINGER Soseki extrai os seus melhores efeitos desses atritos. Narrado em primeira pessoa, o romance tem um pouco a ver com “O Apanhador no Campo de Centeio”, de J.D. Salinger, talvez porque as vozes de Holden Caulfield e Botchan tenham um tanto de selvageria e outro de desalento, o que as torna inesquecíveis.
Esse tempero narrativo é uma marca dos livros de Soseki, cuja biografia o aproxima bastante das intempéries relatadas em “Botchan”.
Sua infância foi solitária. Os pais o deixaram com outra famíliaquandoerabebê.Aosnove, foi devolvido; aos 14, perdeu a mãe, e o pai o rejeitou.
Está escrito num trecho de ria nada na vida”.
Soseki ainda conseguiu cursar literatura inglesa na universidade, lecionou inglês, abandonou Tóquio depois de ser assolado por inúmeras crises nervosas e, por fim, acabou dando aulas para o ginásio justamente numa cidadezinha de Shikoku.
No meio disso tudo, houve uma passagem desastrosa por Londres, onde foi estudar com uma bolsa governamental. Não se adaptou e acabou voltando com uma profunda depressão. É quando escreve “Eu Sou um Gato”, livro que fez enorme sucesso.
Sofrimentos e depressão à parte, a escrita de Soseki não perdoa: seu olhar é cáustico, suas impressões sobre a humanidade, terríveis. Ele foi um daqueles escritores japoneses impossíveis de classificar. Assim como outros, refletiu a contaminação inevitável da cultura ocidental.
No caso de “Botchan”, a voz do narrador, difícil de esquecer, nos conduz com inevitável crueldade pelo terreno acidentado das relações humanas. No fundo, felizmente, ainda resta um pouco de compaixão.
CADÃO VOLPATO A explicação é que a reitoria tem planos para um novo projeto, que já foi encomendado ao conselho editorial da casa. Entre os pontos levantados pelo conselho, está o desejo de que a Edusp passe a produzir livros mais baratos, uma das questões em que a editora era criticada, e entre no mercado de e-books. Há ainda a intenção de abrir novas livrarias próprias, em campi no interior de São Paulo e fora do ambiente universitário. O conselho estuda também uma forma de abrir as livrarias da Edusp nos fins de semana, o que não é possível com uma equipe de funcionários concursados. “A editora da Universidade de Brasília costumava ter uma loja no aeroporto, que era responsável por grande parte do seu faturamento”, diz o diplomata Rubens Ricupero, presidente do conselho editorial.