Para Maluf, mudar nome do Minhocão é ‘revanchismo’
Ex-prefeito critica lei da gestão Haddad
O deputado federal Paulo Maluf (PP) chamou de “revanchismo ideológico” a mudança de nome do Minhocão de Elevado Costa e Silva para Elevado João Goulart, conforme lei sancionada nesta segunda-feira (25) pelo prefeito Fernando Haddad (PT).
Maluf foi responsável pela construção da via e pelo nome dado em 1971, quando ele era prefeito de São Paulo.
A troca do nome do general que comandou o país entre 1967 e 1969 para o do presidente deposto no golpe de 1964 foi a primeira de uma série de mudanças previstas pela gestão Haddad para dar fim a homenagens a personagens do regime militar na cidade —muitos deles associados a torturas, desaparecimentos e mortes.
Também nesta segunda, a avenida General Golbery do Couto e Silva —considerado um dos ideólogos do golpe de 1964— passou a servir de homenagem ao padre Giuseppe Benito Pegoraro, que teve atuação no auxílio a crianças carentes no Grajaú (zona sul).
Pelo menos 40 outras vias e praças da capital podem mudar de nome, caso projetos semelhantes sejam aprovados na Câmara dentro do programa Ruas da Memória, oficializado por Haddad.
Está à espera de votação um outro texto que veta futuras nomeações de violadores de direitos humanos.
Maluf considerou lamentável a retirada da láurea dada ao presidente que, segundo ele, ajudou São Paulo a dar início ao metrô para ofertá-la a outro presidente que, “com todo respeito, não fez obra para São Paulo”.
“Não se apaga a história tirando o nome de uma obra. Isso me parece um tipo de revanchismo ideológico que não existe mais nem em Cuba, nem na China nem na Rússia”, disse o ex-prefeito.
Maluf compara a medida à possibilidade de retirarem as homenagens a Napoleão Bonaparte em Paris.
Coordenadora-adjunta de políticas de direito à memória e à verdade da prefeitura, Clara Castellano afirma que boa parte das leis que nomearam ruas e avenidas com homenagem a militares foram assinadas por Maluf.