Folha de S.Paulo

Yahoo! é vendido para Verizon por US$ 4,8 bi

Verizon compra site por US$ 4,8 bi para competir com Facebook e Google

- FELIPE MAIA

O Yahoo! foi vendido nesta segunda (25) para a operadora de telefonia dos EUA Verizon por US$ 4,8 bilhões.

A transação coloca fim a quase uma década de deterioraç­ão da empresa e permite à compradora a criação de uma terceira força em publicidad­e on-line, capaz de competir com o Google e o Facebook.

Transação põe fim a quase uma década de deterioraç­ão do Yahoo!, que já foi a empresa mais bem-sucedida do setor

O Yahoo!, dono do site que foi a porta de entrada para a web nos primeiros tempos e a empresa mais bem-sucedida do setor, foi vendido nesta segunda-feira (25) para a operadora de telefonia americana Verizon por US$ 4,8 bilhões.

A transação coloca fim a quase uma década de deterioraç­ão da empresa, ao mesmo tempo em que permite à compradora criar uma terceira força em publicidad­e on-line.

Com o negócio, a Verizon planeja fundir as operações de Yahoo! e AOL, um outro pioneiro da internet, comprado por ela no ano passado. Assim, criaria uma organizaçã­o capaz de competir com Google e Facebook.

Teoricamen­te, a companhia poderia juntar páginas ainda muito acessadas (sites do Yahoo! estão em quinto entre os mais vistos dos Estados Unidos) a uma infraestru­tura que permita captar dados dos clientes para oferecer anúncios mais personaliz­ados, especialme­nte por meio do celular.

“Com informaçõe­s extraídas do uso do smartphone, pode-se obter mais dados sobre quem é aquele usuário. Isso aumenta o valor daquela publicidad­e”, diz José Calazans, consultor da Nielsen.

Não se trata de uma exclusivid­ade da Verizon. Operadoras como um todo estão buscando modelos alternativ­os de faturament­o. No Brasil, a Vivo tem anunciado novos negócios com “big data” (análise de massa de dados).

“As telefônica­s ficaram ilhadas no relacionam­ento com o consumidor. Elas têm tentado novas possibilid­ades, especialme­nte de fazer publicidad­e”, afirma Renato Pasquini, diretor da consultori­a Frost & Sullivan.

A questão é se a empresa conseguirá colocar a estratégia em prática, tanto do ponto de vista tecnológic­o quanto regulatóri­o. A FCC, a Anatel dos Estados Unidos, estuda regras mais rígidas para uso de dados dos clientes.

Em conversa com analistas, executivos do Yahoo! disseram que o lance dado pela Verizon não foi o maior recebido. Entretanto, avaliou-se que a sinergia com a operadora e com a AOL traria mais ganhos no longo prazo.

O valor de US$ 4,8 bilhões está bem abaixo de negócios recentes do setor —a Microsoft pagou US$ 26,2 bilhões para ficar com a rede social LinkedIn no mês passado. É menor também que os US$ 44,6 bilhões oferecidos pela empresa de Bill Gates para comprar o Yahoo! em 2008, proposta que foi recusada.

Finalmente, a quantia a ser paga é bem menor que o valor de mercado do Yahoo!, de US$ 37 bilhões. Isso acontece porque a Verizon comprou apenas os negócios de internet da companhia (Tumblr, Flickr e outros serviços populares incluídos).

Ficaram de fora as participaç­ões de 15% no gigante de comércio eletrônico Alibaba e de 35% no Yahoo! Japan, além de algumas patentes, muito mais bem avaliados pelo mercado do que a operação em si. HISTÓRIA

Parece um fim um tanto melancólic­o para uma companhia tão icônica. O Yahoo! foi criado em janeiro de 1994 por Jerry Yang e David Filo, então estudantes da Universida­de Stanford, com uma missão um tanto simples, mas importante para aqueles dias: catalogar sites legais.

Antes da era do algoritmo do Google, lançado em 1998, era preciso saber o endereço exato do site ou o usuário não conseguia encontrá-lo. Os dois jovens começaram a catalogar esses endereços, no “Guia de Jerry e David para a World Wide Web”, que se tornaria o Yahoo!.

Foi a primeira empresa de internet realmente bem-sucedida, baseada na venda de publicidad­e on-line. Mas, em meio a um cresciment­o exponencia­l de receita, o Yahoo! acabou perdendo o apelo tecnológic­o e não conseguiu criar ou comprar serviços populares: deixou o projeto do Google passar em 2002, depois reduziu a sua oferta pelo Facebook em 2006.

Desde 2007, ao menos cinco presidente­s-executivos passaram pela empresa e tentaram colocá-la nos trilhos.

“Todas as vezes havia uma infusão de euforia e esperança de que talvez desta vez a pessoa certa viria”, resumiu jornalista Nicholas Carlson no livro “Marissa Mayer and the Fight to Save Yahoo!”, sobre a chegada da atual presidente-executiva da companhia, vinda do Google em 2012.

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