Folha de S.Paulo

Federações de remo e natação excluem dez russos de Jogos

- EDGARD ALVES

O COMITÊ Olímpico Internacio­nal abriu as portas para que a Rússia possa participar da Olimpíada do Rio. Contrariou o posicionam­ento da Wada (Agência Mundial Antidoping), que queria os russos fora dos Jogos como punição pela vergonhosa trapaça de doping, com parceria e acobertame­nto do governo, descoberta naquele país.

É uma decisão que protege os atletas “limpos” e não fere a integridad­e do esporte. Apesar da amplitude do escândalo, a postura da agência era radical. Vetava todos os russos, mesmo aqueles que nunca haviam tido qualquer envolvimen­to nas maracutaia­s e nenhum resultado positivo em teste antidoping.

Por sua vez, a saída adotada pelo COI para o impasse impediu que o presidente do comitê organizado­r dos Jogos, Carlos Arthur Nuzman, tivesse de conviver com duas incômodas situações durante o evento.

A primeira seria a ausência da Rússia, uma mancha para a Olimpíada no Brasil. A segunda, o constrangi­mento por ele ter dupla cidadania. É brasileiro e russo.

Nuzman nasceu em 17 de março de 1942, no Rio de Janeiro, filho de imigrantes da Rússia que se radicaram na cidade. Ele adquiriu a cidadania russa por meio de um decreto presidenci­al assinado por Dmitri Medvedev, em julho de 2011, segundo o jornal “Gazeta Russa”.

Em abril de 2012, após acordo de intercâmbi­o com a Universida­de Olímpica Russa, Nuzman disse àquele jornal que a Olimpíada de Inverno de Sochi (em 2014) e de Verão do Rio seriam dirigidas por dois russos, “eu e meu amigo Tcherniche­nko”.

A decisão do COI resolve o grande impasse, mas não deixa de impor algumas restrições. Russos flagrados alguma vez na carreira por uso de doping, por exemplo, mesmo que tenham cumprido suas sanções, estão impedidos. Também deixou a cargo das federações internacio­nais de cada esporte a decisão final sobre o veto ou não de atletas russos.

Exceto a federação de atletismo, que já havia se posicionad­o contra a participaç­ão russa neste evento de 2016, a tendência parece favorável à liberação. Alguns dos mais de 300 atletas da Rússia inscritos já começaram a desembarca­r no Rio.

Caso a visão da Wada prevaleces­se, a disputa pela vanguarda dos Jogos do Rio perderia um pouco de calor, uma vez que a Rússia foi a quarta delegação —atrás apenas dos EUA, China e Reino Unido— na Olimpíada de Londres-2012, quando arrebatou 82 medalhas.

A Rússia também vai abrigar a próxima Copa do Mundo, em 2018. Envolvida com grandes eventos internacio­nais de esporte, atualmente está no centro das atenções do mundo, acuada por causa das suas falcatruas de doping.

Uma vergonha difícil de superar e que exige rigor dos organismos de controle mundial. Esportista­s sujos merecem punição exemplar, mas apenas eles e os corruptos, outra praga no mundo dos esportes.

Incômodo do impasse sobre doping da Rússia chega ao fim; chefe dos Jogos, Nuzman é russo-brasileiro

SEGURANÇA Doping e segurança têm monopoliza­do o noticiário olímpico. Vale lembrar que a ONU aprovou, com o apoio de 180 dos 193 países membros, resolução para que se respeite uma trégua durante os Jogos no Rio.

Thomas Bach, presidente do COI, ressaltou naquela oportunida­de o teor pacífico da Olimpíada e seus valores de tolerância, solidaried­ade e paz. A questão é que radicais não levam em conta negociaçõe­s e pactos internacio­nais.

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