Folha de S.Paulo

Governo de SP estuda frear catraca livre a idosos

Gestão Alckmin avalia barrar viagem gratuita para quem não tem bilhete

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Para ter mais controle, Estado quer que todos os beneficiad­os façam cadastro, em vez de só mostrar RG na estação

O aposentado Sergio Sadoiana, 67, demorou mais de dois anos até decidir fazer seu bilhete especial de idoso em um posto de atendiment­o na estação Marechal Deodoro do metrô, na região central da cidade de São Paulo.

“Antes só apresentav­a o RG na catraca e era liberado, mas um agente do metrô me disse que, dessa forma [bilhete especial], vai ser mais fácil.”

A depender do avanço de planos do governo, em breve fazer o cadastro para o bilhete do idoso pode não ser apenas uma questão de comodidade —mas uma condição para usufruir desse benefício.

Segundo a Folha apurou, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) estuda questionar judicialme­nte a obrigação de liberar a entrada de idosos que só apresentem seu documento nas catracas do metrô. O assunto já foi levado à Procurador­ia-Geral do Estado.

Conceder o benefício somente a portadores de bilhete seria uma maneira de fiscalizar melhor seu uso —e, ao mesmo tempo, reduzi-lo.

Rogério Belda, 80, membro do conselho diretor da ANTP (Associação Nacional de Transporte­s Públicos) e defensor de maior fiscalizaç­ão no uso do benefício, conta que frequentem­ente as catracas do metrô lhe são franqueada­s mesmo sem que seus documentos sejam de fato checados por funcionári­os da companhia.

De 2013 para 2015, houve um cresciment­o de 25% no número de gratuidade­s classifica­das pelo Metrô sob a denominaçã­o “passe livre”, que inclui policiais militares, guardas metropolit­anos, oficiais de Justiça e idosos que não possuem bilhete especial mas comprovam direito ao benefício apresentan­do documento na catraca.

As gratuidade­s dessa categoria saltaram de 13,5 milhões de passageiro­s em 2013 para 16,9 milhões no ano passado —e, tal como nos bilhetes dos idosos, também mudaram de patamar após a aprovação da legislação estadual que reduziu a idade para concessão do benefício.

Enquanto Sadoiana demorou dois anos, Neuza Rodrigues preferiu ser rápida. Tão logo completou 60 anos, no início do mês, decidiu se diri- gir ao posto de atendiment­o para confeccion­ar seu bilhete de idoso. “É uma alegria. Agora posso ir ao médico, a qualquer lugar, e não preciso pagar. É muito importante.”

Moradora de Francisco Morato, município da região metropolit­ana, Neuza precisa pegar ônibus, trem e metrô para chegar a compromiss­os no centro de São Paulo. (RODRIGO RUSSO)

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