Chefe dos Jogos, Nuzman minimiza falhas na abertura da Vila Olímpica
Para dirigente, era impossível não haver necessidade de fazer alguns reparos
HOSPEDAGEM
O presidente do comitê organizador dos Jogos do Rio, Carlos Arthur Nuzman, minimizou os problemas da Vila Olímpica, que fizeram, inclusive, a delegação da Austrália se recusar a ficar inicialmente no condomínio.
“São 31 edifícios e 3.604 apartamentos entregues ao mesmo tempo. A possibilidade de que todos funcionem sem nenhuma necessidade de algum reparo é impossível. Em todas as vilas olímpicas aconteceu isso”, afirmou.
Segundo reportagem do “Jornal Nacional”, da TV Globo, uma das empresas contratadas para reparos emergenciais relatou problemas em 57 apartamentos de 257 que vistoriou —o que dá quase um imóvel a cada cinco.
A maioria dos problemas era relativo a vazamento em banheiros. Em um prédio, havia a necessidade de refazer toda a parte hidráulica de um pavimento. Foram encontrados ainda locais sem energia elétrica ou até sem lâmpadas.
Segundo o diretor-geral do consórcio Ilha Pura, que construiu a vila, Maurício Lopes, a empresa queria testar os prédios com alguma antecedência, mas não foi possível. “A vontade era que todas as instalações tivessem prontas um pouco antes para testarmos. Mas, pela dificuldade que é fazer obras desse tamanho, acabou que a gente só conseguiu testar recentemente”, disse à TV Globo.
O diretor também tentou minimizar os problemas, ao comparar o empreendimento às obras feitas pelas pessoas comuns em suas casas.
“Um apartamento está faltando lâmpada, outro tem problema de registro de chuveiro. Outro, problema de limpeza. Quem já fez mudança sabe que é um terremoto em casa”, disse o empresário.
Um dia após dizer que metade dos 31 prédios que compõem a Vila Olímpica não estava pronta, o comitê organizador dos Jogos afirmou que houve progresso nesta terça.
Segundo o diretor-executivo de operações do comitê, Rodrigo Tostes, o dia terminou com 25 torres liberadas às delegações. As outras seis serão nesta quinta-feira (28).
“As pessoas já entenderam que alguns prédios entraram em operação e outros ainda têm algumas obras mais intensivas para serem feitas.”
Entre as torres entregues está a 23, que abriga a delegação da Austrália. O país deflagrou uma crise ao chamar a instalação de insegura e “inabitável”, devido aos problemas elétricos e estruturais.
Dois dias depois, os ânimos arrefeceram. A chefe de missão australiana, Kitty Chiller, disse que 26 atletas já entrariam na vila nesta terça.
Outros competidores, que estavam alojados em uma vila de mídia, serão remanejados nesta quarta-feira (27).
“A situação está bem mais tranquila com a Austrália, estão voltando”, disse Tostes.
Por que houve críticas à Vila Olímpica do Rio?
Antes mesmo de atletas entrarem no complexo, no domingo (24), oficiais verificaram problemas de encanamento e eletricidade, além de falhas de acabamento e sujeira. No domingo, o comitê da Austrália disse que nenhum atleta da delegação entraria na Vila, porque era “inabitável”. Os atletas do país foram remanejados para uma vila de mídia.
Só a Austrália ficou insatisfeita?
Não, Brasil, EUA, Holanda e Itália estão entre os países que acionaram operários para acelerar as obras.
O que disse o comitê organizador?
Reconheceu os problemas e montou força-tarefa, com mais de 500 operários. Na segunda (25), o diretorexecutivo de operações, Rodrigo Tostes, admitiu que metade dos 31 prédios ainda não estavam prontos. Prometeu que tudo será concluído até quinta (28).
Quanto foi investido para a construção da Vila Olímpica?
R$ 2,9 bilhões.
Qual o número de apartamentos? Quanto custarão?
São 3.604 apartamentos, divididos em 31 prédios. Capacidade total é de 18 mil pessoas. Os preços variam de R$ 830 mil a R$ 4 milhões.
Quais empresas foram responsáveis pela construção?
As empreiteiras Odebrecht e Carvalho Hosken. A vila foi entregue ao comitê organizador dos Jogos no último dia 15 de junho.
Por que existe uma Vila Olímpica?
Além de hospedar os atletas das mais de 200 nações associadas ao COI (Comitê Olímpico Internacional), é vista como área de confraternização.
O que será feito dela após os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos?
Vai se tornar um condomínio residencial
Agora, quem comanda, de fato, a Vila?
A ex-jogadora de basquete Janeth Arcain é a prefeita da Vila Olímpica, mas atua mais como relações públicas. O responsável pela operação propriamente vinha sendo Mario Cilenti, também diretor de relações internacionais do comitê. Com os problemas na abertura, ele se manteve no cargo, mas perdeu força. Uma força-tarefa comandada pelo diretor-executivo de operações, Rodrigo Tostes, é quem agora lidera a instalação.