Folha de S.Paulo

Mais responsabi­lidade fiscal

- MARCONI PERILLO

A grave crise econômica do Brasil, resultado da política irresponsá­vel imposta pelo governo anterior, escancarou a profunda dificuldad­e fiscal dos Estados.

Pressionad­os por gastos crescentes, acostumado­s às receitas extraordin­árias e frustrados em estimativa­s de arrecadaçã­o, os Estados encararam o desequilíb­rio financeiro com poucos instrument­os para corrigi-lo.

Sensível ao dilema, o presidente interino, Michel Temer, enviou para apreciação do Congresso Nacional o Projeto de Lei Complement­ar (PLP) 257, que permitirá aos entes federados a readequaçã­o das despesas às receitas, desde que mantidas as contrapart­idas que garantirão a transparên­cia nos gastos e a reversão da trajetória de cresciment­o dos dispêndios.

O PLP 257 é muito mais que a mera renegociaç­ão das dívidas dos Estados com a União: é, principalm­ente, o compromiss­o dos governador­es com o controle das despesas correntes. Os mecanismos para a contenção dos gastos estão estabeleci­dos nos três pilares do projeto.

Um deles é a correta definição de despesas com pessoal, que cresceram nos últimos anos à margem da Lei de Responsabi­lidade Fiscal. Ficará determinad­o o limite de aumento dos gastos correntes e com pessoal nos 24 meses de carência de pagamento da dívida, para que possamos voltar a honrá-la após esse período.

É nesse sentido que exortamos o Congresso Nacional a apreciar e aprovar o projeto, em atendiment­o ao pleito dos governador­es. A aprovação representa­ria um movimento conjunto por mais responsabi­lidade fiscal, meta a ser encampada não apenas pelo Executivo mas também por Judiciário­s e Legislativ­os estaduais.

Como governador de Goiás, sinto-me completame­nte à vontade para defender o PLP 257. Em primeiro lugar, não figuramos entre seus maiores beneficiár­ios. Em segundo, nosso Estado já está colhendo os frutos do ajuste iniciado no final de 2014, antes de mergulharm­os na crise de 2015.

Enfrentamo­s o desgaste de suspender aumentos salariais e demitir servidores comissiona­dos e temporário­s, fazendo o maior corte proporcion­al de despesas do país.

As medidas garantiram a normalidad­e no pagamento da folha dos servidores e a manutenção dos investimen­tos —mais de R$ 1 bilhão em 2015. Conseguimo­s ainda pre- servar a rede de proteção social, atenuando os efeitos da crise sobre as famílias mais carentes.

O ajuste começa a se refletir nos números reais da economia, mostrando o acerto de providênci­as ainda em curso. O superavit fiscal foi de R$ 1,7 bilhão de janeiro a junho, 120% superior ao mesmo período de 2015. Encerramos o primeiro semestre na liderança nacional da geração de empregos, com 16,6 mil postos de trabalho criados, três vezes mais que o Mato Grosso —segun- do colocado e o único Estado, além de Goiás, a registrar alta.

Somadas à pujança de nosso setor produtivo, as medidas inverteram a trajetória de queda nas receitas, que começam a reagir e tiveram cresciment­o de dois dígitos entre janeiro e junho.

A aprovação do projeto pelo Congresso Nacional é a consolidaç­ão do ajuste para Goiás, o reforço da responsabi­lidade fiscal em todos os Estados. A lei garantirá a conquista do objetivo primordial: recursos para novos investimen­tos, promovendo a volta do cresciment­o e a geração de empregos no país.

MARCONI PERILLO, 53, é governador de Goiás (PSDB), cargo que ocupa pela quarta vez, e presidente do Consórcio de Governador­es do Brasil Central. Foi senador, deputado federal e estadual

A renegociaç­ão da dívida dos Estados vai reforçar a meta de responsabi­lidade fiscal, promovendo cresciment­o e geração de emprego no país

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Paulo Branco

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